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O assassinato do bancário Dimas Holanda, na noite de 3 de abril de 1997, no Conjunto Santo Eduardo, no bairro do Poço, em Maceió, continua, enquanto os verdadeiros acusados não são julgados pela Justiça, sendo motivo de muitas discussões.
Na edição da terça-feira (9), do Diário Eletrônico da Justiça, o desembargador-relator do Tribunal de Justiça (TJ) de Alagoas, José Malta Marques voltou a se manifestar sobre o inquérito. Ele deu andamento ao processo e manteve a denúncia de crime de homicídio determinando que sejam ouvidas mais pessoas que possam comprovar os verdadeiros motivos e confirmarem os nomes de quem mandou e quem executou o crime.
Em seu despacho o desembargador explicou que não há manifestadas causas que excluam a culpabilidade do deputado estadual João Beltrão (PRTB), citado como o mandante da execução do bancário, morto minutos após deixar a casa de parentes. Malta Marques também citou que não existem provas ao contrário que afastem os nomes dos considerados assassinos do bancário que são o pistoleiro Eufrásio Dantas, o ‘ Cutita’; o ex-sargento PM Daniel Luiz da Silva Sobrinho (irmão do ex-tenente Silva Filho); José Carlos Silva Ferreira, o ‘Ferreirinha’; Paulo Nei; Valdomiro dos Santos Barros e Valter Dias Filho, o ‘Valter Doido’. Todos, de acordo com depoimento de um dos acusados, teriam sido ‘contratados’ pelo ex-coronel Manoel Francisco Cavalcante.
A conclusão das investigações, iniciadas pela Polícia Civil (PC) e depois, devido a uma série de erros, passadas para a Polícia Federal (PF) foram entregues ao Ministério Público Estadual (MPE) que formalizou a acusação ao deputado.
As investigações concluíram que Dimas Holanda foi morto devido a um suposto romance com uma modelo, que também teria um relacionamento com João Beltrão.
Entre as testemunhas a serem ouvidas está René Porto Galvão, que segundo informações constadas no inquérito policial, reside da cidade de Aracaju (SE). Ela deve ser ouvida através de Carta Precatório, às 9h do dia 29 de novembro. No mesmo dia, será ouvido em Maceió, pelo desembargador, o deputado João Beltrão.
A família da vítima chegou a defender a tese que Clécia fosse indiciada pela morte de Dimas, sob a alegação que ela sabia do suposto plano montado por João Beltrão para assassina-lo .
Em 2010 o deputado candidatou-se a um novo mandato na Assembleia Legislativa (ALE), mas foi barrado pela Lei da Ficha Limpa, acusado de improbidade administrativa devido a prestação de contas não aprovadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), quando o deputado era prefeito da cidade de Coruripe. Beltrão chegou a apresentar documentos faltos ao TCU referentes ao pagamento de uma dívida de R$ R$ 143.502,00.
Enquanto não tomava posse, João Beltrão teve a prisão decretada pelo Tribunal de Justiça, diante das acusações que apontavam que ele havia determinado o assassinado do ex-cabo Gonçalves José Gonçalves da Silva Filho, o ‘Cabo Gonçalves’, da Polícia Militar de Alagoas e que foi emboscado e assassinado com cerca de 70 tiros em maio de 1996 quando abastecia seu veículo em um posto de combustíveis no acesso ao Conjunto Benedito Bentes. Os pistoleiros usaram pistola calibre 380, 9 milímetros, espingarda calibre 12 e metralhadora. De acordo com as investigações da polícia a execução do militar teria sido ordenada pelo deputado federal Francisco Tenório e os deputados estaduais Antônio Albuquerque e João Beltrão.
O político teve 31.542 votos, que na época foram considerados nulos pela Justiça Eleitoral. Porém, em março o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a Ficha Limpa só vale para a eleição de 2012 – e os votos de João Beltrão foram validados e em agosto de 2011 ele tomou posse, durante uma solenidade reservada, no gabinete da presidência da ALE, mas devido a problemas de saúde pediu licença médica.
Beltrão também foi indiciado no inquérito da ‘Operação Taturana’ por ter comprado, em 2006, uma caminhonete L-200, na Nagoya Veículos, em nome da filha dele – Jully Beltrão –, e que foi paga com dinheiro público, segundo a apuração da PF.