O Unicef divulgou hoje o Caderno Brasil da Situação Mundial da Infância de 2008. A pesquisa mostra que a infância é triste em Alagoas, principalmente para crianças pobres e negras, mais vulneráveis às violações de direitos.
A pobreza que o alagoano vê em muitas favelas da capital e do interior foi colocada no papel. O Estado tem o mais alto índice de crianças e adolescentes pobres do país – 78,4%, enquanto que o índice do Brasil é de 50,3%.
Os pesquisadores também procuraram saber como anda a alimentação das crianças. A desnutrição de crianças menores de dois anos em Alagoas é a maior do Brasil e o dobro da média nacional, o equivalente a 7% da população. A média do Brasil é de 3,5%, índice que caiu mais de 70% entre 2000 e 2006.
O terceiro dado mais marcante da pesquisa é o índice de mortalidade infantil. É em Alagoas que crianças têm as piores chances de vida. Em cada mil nascidas vivas, 51,9 morrem antes de completar um ano de idade – mais que o dobro da média brasileira, de 24,9. A mortalidade entre os menores de cinco anos é ainda pior: 68,2 morrem antes dos cinco anos, enquanto que a média brasileira é de 29,9.
A pesquisa ainda atualizou o Índice de Desenvolvimento Infantil (IDI), instrumento desenvolvido pelo Unicef com o objetivo monitorar a situação da primeira infância nas regiões, estados e municípios.
Quando acima de 0,800, o desenvolvimento infantil é considerado elevado; entre 0,500 e 0,799 é médio; e menor que 0,500 o desenvolvimento infantil é baixo.
Neste sentido, Alagoas se destacou por ter conseguido sair da classificação de desenvolvimento infantil baixo para desenvolvimento infantil médio. No entanto, o Estado apresenta o segundo pior IDI do país – 0,574, só perdendo para o Acre, que registrou 0,562.
A pesquisa serve para resgatar os direitos dos pequenos brasileiros. Outros documentos já comprovaram que os primeiros seis anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento integral do ser humano e é na primeira infância que a criança desenvolve grande parte do potencial mental que terá quando adulto.
O caderno mostra que, atualmente, o Brasil possui a maior população infantil de até seis anos das Américas. Crianças na primeira infância representam 11% de toda a população brasileira.
Mas, a realidade é dura para essa parcela da população. Os dados socioeconômicos apontam que a grande maioria das crianças sofre com a situação de pobreza.
Aproximadamente 11,5 milhões de crianças ou 56% das crianças brasileiras de até 6 anos de idade vivem em famílias cuja renda mensal está abaixo de meio salário mínimo per capita por mês, de acordo com dados do IBGE. E as crianças negras ainda têm quase 70% mais chance de viver na pobreza do que as brancas.
com tudonahora.com.br // elaine rodrigues