O rápido crescimento do setor da construção civil em Alagoas já começa a apresentar seus efeitos colaterais. A corrida pela casa própria, fruto da maior oferta de crédito, fez com que o mercado imobiliário do estado abrisse um número de postos de trabalho maior do que o número e profissionais qualificados aptos a assumirem esses postos.
O mercado de imóveis, que na média nacional responde por 25% da construção civil, cresce em um ritmo acelerado em Alagoas. As novas regras de financiamento habitacional, com juros menores e prazos maiores, devem incluir uma nova camada social na aquisição de um imóvel: a classe média baixa. Antes, essas famílias tinham como única opção do Programa de Arrendamento Residencial (PAR) da Caixa Econômica Federal. Com as mudanças, milhares de alagoanos devem, nos próximos anos conquistar o sonho da casa própria.
E não é só o mercado imobiliário que está aquecido. Investimentos como novos hotéis, dois shoppings centers e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) incrementam o setor e devem obrigar as empresas a contratarem em ritmo frenético este ano.
OPORTUNIDADES
Para o presidente da Associação das empresas do Mercado Imobiliário de Alagoas (Ademi), Jubson Uchôa, o setor é o que emprega mais e pega profissionais sem qualificação. "Hoje, a preocupação do setor já e com a mão de obra. Temos o receio da falta dela. Os dois setores - público e privado -, por meio do PAC e dos financiamentos, já esquentaram o setor e sentimos na pele a falta de mão-de-obra qualificada", explica.
A preocupação hoje é com os postos de emprego que requerem mais qualificação. "Mestre de obras, técnicos, engenheiro são áreas com mais dificuldade. Mais na frente deveremos ter dificuldade também com pedreiros, carpinteiros, serventes, que é a mão de obra menos qualificada. Emprego não vai faltar de jeito nenhum para quem está qualificado. Mas acho que terá emprego para todos. É importante ter qualificação porque assim terá um salário mais alto", explica o empresário.
Uchôa aponta que, entre as áreas que já não atendem a demanda do mercado, está a categoria dos engenheiros civis, que durante anos sofreu com o achatamento das oportunidades no mercado de trabalho. "Teremos agora que formar nossa mão-de-obra qualificada. Tivemos, no passado, engenheiros se formando e não tinha emprego. Formava-se e ia em busca de outras áreas, não só para o engenheiro, mas para o mestre e técnicos. Hoje, falta engenheiros com experiência, e temos que formar esse pessoal que está saindo das escolas para trabalhar conosco, pois essa é a tendência do setor em todo o País", assegura o empresário.
E quem quiser conquistar uma vaga, o conselho dado pelo empresário é apostar nos cursos técnicos e profissionalizantes. "É bom procurar o Sesi ou o Senai e ver os cursos que eles fazem. Mas é bom também ver as escolas técnicas. Se você terminou a escola técnica, terminou o terceiro grau e está desempregado tente uma qualificação que terá uma oportunidade", finaliza o presidente da Ademi.
Novos empreedimentos devem gerar sete mil empregos em ALO bom cenário visto para 2008 pode apagar o fiasco da geração de empregos do ano passado, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego. Em 2007, o estado teve um déficit de 505 vagas. Junto com a Acre, Alagoas foi a única unidade da federação a registrar saldo negativo no número de vagas, justamente no ano em que o País bateu recorde na geração de empregos formais: 1,6 milhão em 12 meses.
O resultado ruim do setor sucroalcooleiro foi determinante para o resultado, mas a mão-de-obra não qualificada pode acabar tendo espaço na construção civil nos próximos meses. Somente os empreendimentos na área do turismo, mais os dois shoppings centeres que devem começar a serem construídos este ano, devem gerar um oferta de sete mil empregos na fase de construção.
As obras de hotéis e pousadas - 18 já anunciaram início de construções - devem ter um investimento aproximado de R$ 720 milhões.
O maior dos investimentos deve ser o hotel da rede americana Radisson, com investimento previsto de R$ 40 milhões. O público alvo desse empreendimento, administrado pela bandeira Atlântica Hotel Internacional , será clientes de altíssimo nível da Europa e EUA.
MAIS APOSTAS Além desses dois nichos de mercado, Alagoas tem uma boa aposta no crescimento do mercado imobiliário - com o aumento na demanda por conta da queda dos juros e ampliações dos prazos - e nas obras públicas. Nesta segunda-feira, 21, por exemplo, o governador Teotonio Vilela Filho visita as obras de mais um conjunto habitacional que está sendo construído no Conjunto Selma Bandeira.
Em 2007, para se ter idéia, os financiamentos cresceram 98% na comparação a 2006, representando um montante superior a R$ 18 bilhões.
Este mesmo dado contrasta com o déficit habitacional, que é o maior do Nordeste. Em 2005, segundo dados da Fundação João Pinheiro, Alagoas possuía um déficit habitacional de 131.963 unidades, o que corresponde a 17,4% do total de domicílios.
Para Jubson Uchôa, presidente da Ademi-AL, as construtoras já atentaram para esse tipo de mercado e devem lançar, ainda esse ano, empreendimentos com valores unitários de até R$ 60 mil. “Empresários já adquiriram áreas e estão em fase de projetos. Mas ainda este ano, creio que teremos lançamentos, já que a classe média é a bola da vez”, afirma Uchôa.
com primeiraedicao.com.br // Carlos Madeiro | Editor Executivo