 
                                            Está decidido. Dia 11 de dezembro os eleitores do município de Joaquim Gomes, distante 63 km da capital, Maceió, devem voltar as urnas mais cedo. E de modo bem particular os eleitores da cidade irão exercer seu direito democrático, é que será – pelo menos o que espera a Justiça Eleitoral – a primeira eleição totalmente biométrica em Alagoas. No páreo, estão o atual prefeito José Marcelino da Silva, o popularmente conhecido como Nêgo Farrapião (PSL); o ex-prefeito da cidade entre os anos de 1997 e 2000, Antonio de Araújo Barros, o Toinho Batista, (PSDB); e o vereador Benedito de Pontes (PP), o Bida, que ocupou o cargo de prefeito por dois anos interinamente com o afastamento de prefeita Cristina Brandão (PP).
O município de Joaquim Gomes teve uma rotatividade de administradores fora do comum nos últimos quatro anos. A candidata vencedora do pleito de 2008, prefeita à reeleição Cristina Brandão (PP), nem chegou a ser diplomada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE/AL) para seu segundo mandato à frente da prefeitura. Pesam contra ela pelo menos três ações de investigação judicial eleitoral, como acusações de capacitação ilícita de sufrágio, gastos ilícitos de recursos em campanha eleitoral de abuso de poder político e econômico.
À época o Ministério Público Eleitoral da 53ª Zona Eleitoral foi informado por meio de ofício que na noite de 5 de outubro de 2008, 386 títulos eleitorais foram apreendidos porque estavam marcados com furos de grampeador de papel, conforme cópias das Atas das Mesas receptoras. A partir daí, as autoridades da Justiça efetivamente iniciaram uma investigação com o objetivo de descobrir irregularidades.
Os títulos eleitorais grampeados, segundo depoimentos de eleitores, foram marcados com furos de grampeador por correligionários de Cristina Brandão após eles receberem o valor de R$ 50 para darem seus votos à candidata. A manobra trata-se de um incomum esquema engenhoso de captação de sufrágio (compra de votos). A informação está contida em relatório da promotora de justiça, Alba Lúcia Torres. Pois bem, essa confusão só foi resolvida mesmo após a decisão final do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no dia 30 de agosto deste ano, que cassou o registro a reeleição.
‘Eleição é prejudicial’, diz atual prefeito
Como o processo de Joaquim Gomes é originário do ano de 2008, é aconselhável uma nova eleição, assim entendeu o TSE e encaminhou o procedimento para o TRE local. Em plena revisão biométrica alagoana, o presidente do Tribunal Regional do Estado, o desembargador Orlando Manso se viu com uma missão de agilizar a revisão biométrica na cidade encurtando seu prazo para ser encerrado nesta segunda-feira, 31.
A reportagem da Tribuna Independente então foi atrás dos candidatos a prefeito da cidade que querem conduzir até o próximo pleito eleitoral – pelo menos é o que esperam – pelos próximos...onze meses. Isso mesmo, 2012 é ano de mais um pleito municipal no país e Joaquim Gomes vai participar novamente da festa da democracia.
Ouvimos o atual prefeito José Marcelino da Silva, o Nêgo Farrapião, eleito como vereador em 2008, mas ascendeu à prefeitura após ser eleito em 2010 como presidente da Câmara Municipal da cidade. Para ele, o município vai sofrer mais uma vez com mudanças na administração. “Quem sofre os prejuízos é o povo, pois quem disputa uma eleição para de trabalhar. Já sofremos por quatro anos. A Justiça decidiu, porém demorou muito”, sintetiza o prefeito, que destacou seu empenho em modernizar a cidade: “Estou trazendo para a cidade dois bancos, estou construindo escolas e hoje o Hospital de Joaquim Gomes é referência na região, graças a um trabalho árduo que estamos fazendo”.
Candidato fala em desafio de gerir cidade em onze meses
Toinho Batista comandou os rumos da Prefeitura de Joaquim Gomes entre 1997 e 2000. Ele é outro candidato que tem a missão de gerenciar um orçamento de aproximadamente R$ 12 milhões e 200. Batista lamentou os quatro anos que o município sofreu com indefinições na prefeitura, entretanto o candidato tucano firmou compromisso e disse que gosta de desafios. “Terei onze meses para reverter um atraso de sete anos”, ressaltou.
Ainda sobre os acontecimentos que levaram a impedir a diplomação de Cristina Brandão, o candidato disse que não compra voto e para ele, o candidato que o faz “não tem comprometimento com o cidadão, nem com o município”.
Durante a entrevista, o ex-prefeito lembrou que à frente da gestão municipal conseguiu entregar 300 casas, escolas e deixou o funcionalismo municipal com uma das maiores remunerações de Alagoas. “Meu embate é na prática política, não na compra de votos”, disse. De fora, o candidato elege como principais problemas da cidade a educação, saúde, saneamento e calçamento de ruas. “É a maior responsabilidade de minha vida reverter tudo isso”. Se eleito, Batista garantiu que deve contrar auditores e convocar a Polícia Federal para ‘descascar esse abacaxi’. “Não vou pagar conta de seu ninguém”, completou.
O candidato Benedito de Pontes, o Bida, ex-prefeito ‘tampão’ e atual vereador foi procurado por nossa reportagem. Desde a quinta-feira, 27, ligamos para seu celular, porém sem sucesso. Bida foi o primeiro prefeito a assumir após o afastamento de Cristina Brandão e parmaneceu à frente da prefeitura até a eleição indireta da Câmara, em 2010, que conduziu Farrapião ao poder.
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