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Justiça
25/10/2011 15:42:32

Irmã de cabo Gonçalves diz que perdoa ex-oficial pelo assassinato

Irmã de cabo Gonçalves diz que perdoa ex-oficial pelo assassinato
Ana Maria Pereira Valença

O primeiro depoimento do julgamento que apura a morte do cabo reformado da Polícia Militar, José Gonçalves da Silva Filho, ocorrida em maio de 1996, foi o da irmã da vítima, a advogada Ana Maria Pereira Valença. Ela acusou o ex-tenente-coronel Manoel Francisco Cavalcante, que está sentado no banco dos réus, de ter invadido a casa de sua família durante o velório de seu irmão, acompanhado com vários homens armados.

 

Durante o depoimento, Ana Maria chegou a agradecer Cavalcante pela oportunidade de ver a morte do seu irmão começar a ser esclarecida. "Eu o perdoo pelo que fez, mas foi muito doloroso ver a casa comprada por meus pais para que os filhos pudessem estudar em Maceió ter sido invadida por você e homens armados no dia do velório do Salvinho", afirmou.

 

Em seu depoimento, Cavalcante confirmou a invasão e pediu perdão a família do cabo Gonçalves por tudo que fez. "Só fui até a casa dele porque havia bebido muito na festa pela comemoração do crime. Mas peço novamente desculpas", frisou.

 

"A dor maior do que ver meu irmão assassinado de forma covarde foi ter a casa da minha família, no bairro da Levada, invadida pelo Cavalcante e homens armados. Ele chegou a balançar o corpo do meu irmão para confirmar se ele estava morto e apontar a arma para meus familiares", contou Ana Maria ao juiz Maurício Brêda e aos jurados sobre a vida da vítima antes do assassinato ocorrido no dia 9 de maio de 1996, no posto Veloz, no bairro do Benedito Bentes.

 

Segundo Ana Maria, na época do crime, seu irmão estava morando no estado do Rio Grande do Norte, onde trabalhava em uma fazenda de criação de camarões. "Ele veio para Maceió registrar um filho e visitar a família e terminou sendo executado com mais de 40 tiros", contou a advogada, acrescentando que o irmão havia deixado Alagoas depois de sofrer uma série de atentados.

 

"Em um dos atentados, meu irmão levou um tiro de pistola na orelha e perdeu a audição de um dos ouvidos, por isso foi para a reserva remunerada. O fato ocorreu no povoado Pé Leve, em Arapiraca. No outro atentado, o carro dele foi fechado e ele terminou colindido com outro veículo. Como usava óculos, a lente quebrou e ele perdeu a visão de um olho", contou Ana Maria.

 

Segundo ela, o cabo Gonçalves teria dito que os planos para matá-lo tinham sido orquestrados pelo deputado João Beltrão. "Meu irmão virou um arquivo a ser queimado quando negou a Beltrão um pedido para matar o ex-prefeito de Coruripe, Enéas Gama. Além de negar, o Salvinho (a vítima) ainda contou a trama ao Enéias, o que irritou o deputado", disse a testemunha.

 

Ana Maria afirmou que o cabo Gonçalves veio a Alagoas algumas vezes, mas nunca teve a intenção de matar o deputado João Beltrão.


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sidney tenório