No início da tarde desta sexta-feira, a Polícia Militar registrou o roubo de um caminhão vermelho da Distribuidora de Bebidas Clemente (Disbec) - carregado de cervejas e refrigerantes - na Vila Niquim, no município da Barra de São Miguel, no Litoral Norte do Estado. Um alerta geral foi emitido e diversas guarnições passaram a realizar buscas pelos veículos.
No início da tarde, um telefonema anônimo informou que o caminhão havia sido visto nas proximidades do conjunto Graciliano Ramos, no Tabuleiro do Martins, já em Maceió. As buscas passaram a se concentrar naquela área e, por volta das 16h30, uma movimentação em um terreno baldio nas proximidades de um canavial no conjunto Village Campestre II, também no Tabuleiro, chamou a atenção da guarnição das Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocam) da Radiopatrulha (RP).
Ao se aproximarem, os militares notaram sete homens descarregando alegremente um caminhão com as mesmas descrições do que havia sido roubado na Barra de são Miguel. Segundo o soldado Luiz Alves, os suspeitos estavam ainda “com as grades de cerveja nas costas, tirando do caminhão e escondendo no mato”.
Se a intenção era realizar uma grande festa com cerveja de graça na noite desta sexta-feira, o plano teve que ser “abortado”. Ao todo, sete pessoas foram presas, entre eles quatro menores de 15 anos, dois de 16 e um de 17 anos. Os outros suspeitos eram o ex-fuzileiro naval Valterlan Oliveira, de 22 anos, o filho de major da PM Wortington Pereira de Lima, 24 anos, e o procurado Tiago Gilberto da Silva, de 27 anos. De acordo com a PM, os suspeitos teriam retirado a plotagem do caminhão - um Mercedes-Benz de placa MUD-5622, de São Miguel dos Campos - com a marca de bebidas para a qual o veículo presta serviços.
Os sete foram conduzidos à Central de Polícia, no bairro do Prado, onde devem prestar depoimento e ser indiciados por receptação de carga roubada e formação de quadrilha. Nos depoimentos, a polícia buscará saber também quem foram os responsáveis por roubar o caminhão, o que deverá gerar outro indiciamento, dessa vez por assalto.
De acordo com o militar que participou da prisão, um dos acusados, Tiago Gilberto, já trocou tiros pelos menos duas vezes com a PM, sempre na área do Village II. "Ele sempre fugia correndo pelos canaviais. Dessa vez, ele se deu mal", disse o militar. Um mandado de prisão também já havia sido expedido contra o acusado.
Foram apreendidos de volta 159 grades de cerveja Skol; 62 grades de Brahma; 20 grades de Antártica; 24 grades de vasilhames secos; 68 caixas de latão de Skol; 55 caixas de lata de Skol; seis caixas de Bohemia long neck; 30 caixas de refrigerantes em lata Pepsi e Guaraná Antártica; 10 pacotes de Guaraná Antártica 'caçulinha'; 60 pacotes com 12 unidades de refigerantes de um litro; 60 pacotes de 12 unidades de refrigerante de 2 litros; duas caixas de água com 48 unidades; seis caias com águas de 1,5 litro. Eles iam comercializar uma grade de Skol, por exemplo, a R$ 55 e já tinham pontos certos para deixar o produto roubado.
O assalto
Em conversa com a reportagem do Tribuna Hoje, um funcionário da Disbec, que foi à Central de Polícia para tentar reconhecer os acusados, descreveu os momentos de terror que os quatro ocupantes da distribuidora, contando ele, passaram nas mãos dos assaltantes. De acordo com o funcionário, no momento do crime, os quatro se dirigiam ao almoço depois de fazer entregas em quatro estabelecimentos na Barra de São Miguel. Eles foram rendidos pelos assaltantes, que estavam em um Celta preto, uma motocicleta e um Corsa.
Os funcionários da distribuidora foram levados ao Celta. Dois deles sentaram no banco de trás com um dos bandidos, que segurava uma espingarda calibre 12. Na frente, dois outros bandidos. O motorista do caminhão e um ajudante foram "enfiados" no porta-malas do carro, que, para piorar a situação, tinha ainda um cilindro de gás GNV. Eles rodaram com os assaltantes por quase quatro horas.
Nesse tempo, uma das vítimas que estava na mala chegou a vomitar. "Ele vomitou de calor, de medo, de tudo", disse o funcionário entrevistado pelo Tribuna Hoje, que tinha ficado no banco de trás do veículo. Por volta das 16h, os quatro funcionários foram deixados em um canavial nas proximidades do mirante do Gunga.
À reportagem, o funcionário disse já ter sido assaltado quatro vezes durante o trabalho, contanto com a dessa sexta-feira. O último, inclusive, há três semanas, quando toda a carga foi levada pelos assaltantes e o caminhão foi encontrado em um canavial no Litoral Norte.
Ele explicou que há algum tempo, os assaltos eram mais frequentes, uma vez que os funcionários trabalhavam com dinheiro em espécie, chegando a levar um cofre no caminhão. "Agora, por causa dos assaltos, a gente trabalha com boleto, mas os ladrões levam a carga", disse. A carga levada no assalto dessa sexta, segundo o funcionário, estava avaliada em R$ 50 mil. "É um trabalho arriscado, mas o que é que a gente pode fazer? Tem que trabalhar", lamentou.
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petrônio viana e breno airan