Como costumam afirmar os analistas políticos, não há ano eleitoral. Para o político, tem campanha e articulação de candidatura todos os anos e o ano inteiro. E enquanto não se definirem pela tão propalada e já esquecida ideia de unificação das eleições, o calendário eleitoral vai continuar alimentando estas estratégias partidárias.
Passados apenas onze meses do segundo turno que definiu as eleições em Alagoas, esta semana será decisiva para a conclusão dos acordos partidários, no bom e também no mau sentido da palavra, porque a saída de um político de um partido para outro, é instrumento não apenas de promoção da ascensão de candidaturas futuras, como também pode ter como objetivo a diminuição das chances ou o isolamento de adversários.
Por conta destas peculiaridades da política partidária e com base na Resolução nº 23.341 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que definiu o Calendário das Eleições de 2012, no último dia 28 de junho, que até a próxima sexta-feira (7), todas as lideranças políticas que quiserem ingressar na disputa por votos no próximo pleito devem estar com a filiação deferida no âmbito partidário.
Caciques ditam as regras para sucessão
A semana que passou foi de intensas articulações na capital e no interior para efetuar as “adequações” às novas conjunturas políticas, reforçadas não apenas pela aprovação da criação do novo partido, o PSD, mas também pela eleição de 2010, que não deixou de herança apenas as alianças políticas, mas as intrigas resultantes das disputas por poder e por cargos na equipe do governador reeleito Teotonio Vilela Filho (PSDB) ou nos gabinetes dos deputados estaduais.
A mudança de partido mais recente, e a que mobilizou caciques políticos que atuaram na oposição ao governo tucano, aconteceu na última sexta-feira (30), quando o prefeito Cícero Almeida (PP) levou o secretário municipal de Infraestrutura, Mosart Amaral, para assinar a ficha de filiação ao PMDB, abonada pelo presidente estadual da sigla, senador Renan Calheiros (PMDB).
Mosart é o nome que o prefeito Cícero Almeida quer para ser seu sucessor. Mas há quem diga que Renan Calheiros não apostaria suas fichas e prestígio nacional em um político sem mandato e sem popularidade.
Troca de partido encontra resistência
Quem parece estar mais longe de liderar, em um partido forte, a disputa pela sucessão de Cícero Almeida é o presidente da Câmara de Maceió, Galba Novaes (PRB). Depois de assanhar o vespeiro das correntes ideológicas do partido da presidente Dilma Rousseff – compostas por “dinossauros sem voto”, segundo Joaquim Brito, o presidente estadual da sigla –, Galba ainda não emplacou sua filiação ao Partido dos Trabalhadores.
Há poucos meses, o mesmo problema não teve o seu colega vereador, Ricardo Barbosa (hoje PT). Esquerdista tradicional e eleito com 453 votos, por conta dos 29,5 mil votos de Heloísa Helena (PSOL), em 2008, Ricardo parece ter sido aceito por parecer ter um perfil quase que inverso ao de Galba Novaes.
O presidente da Câmara nunca vestiu vermelho. Mas teve a segunda maior votação entre os vereadores eleitos em 2008. E ainda recebeu o convite de Brito para trazer o filho para o PT e contribuir para eleger dois vereadores petistas, em 2012.
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davi soares