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22/09/2011 10:46:57

Tv Tribuna União - Xadrezes da Delegacia Regional de União lembram masmorras dos castelos medievais

Tv Tribuna União - Xadrezes da Delegacia Regional de União lembram masmorras dos castelos medievais
Delegacia Regional de União dos Palmares

A editoria da TRIBUNA recebeu na manhã desta quinta feira (22) dois lideres comunitários de bairros periféricos de União dos Palmares, que solicitaram fosse veiculada matéria referente ao sucateamento da Delegacia Regional localizada no centro da cidade na Rua Hermano Plech entre o Hospital Regional São Vicente de Paulo e a Secretaria Municipal de Saúde do município. Um dos visitantes nos ofereceu um cd contendo imagens feitas através de uma câmera de celular onde mostra em imagens precárias o corredor que dá acesso as celas da Regional que lembram as masmorras dos castelos medievais.

Os denunciantes que pediram para ter a identidade preservada ainda disseram que atualmente existe um amontoado de presos nas três celas, e que nos fins de semana os chamados presos temporários ou correcionais (menores e mulheres que cometem delitos ou se excedem na ingestão de bebidas) para não dividir as celas com os detidos periculosos ou acusados de delitos mais graves que estão a disposição da Justiça, ficam detidos nos corredores - os homens por falta de uma casa de passagem na cidade - enquanto as mulheres são transferidas para as distritais de Santana do Mundaú ou de Branquinha que são os xadrezes mais próximos em disponibilidade e de mais fácil acesso aos parentes para o fornecimento de alimentos, remédios e roupas quando for o caso.

Na Delegacia nem o delegado nem os agentes falaram nada a respeito do  assunto alegando falta de autorização superior como também negaram o acesso ao interior dói prédio onde estão os xadrezes para filmagens ou fotografias. Apenas a confirmação que as armas cedidas pela Secretaria de Defesa Social não são suficientes para o número de agentes tanto durante a semana quanto no período em que a existe plantão das delegacias jurisdicionadas pelo 11º DRP.

Apesar da falta de informações oficiais se sabe que há acumulo exagerado de inquéritos que não foram concluídos e podem perder o prazo da Lei; União dos Palmares ainda não implantou a Operação Asfixia por falta de uma viatura (no momento a Regional dispõe de um carro preto Santana (quebrado) e de um Corsa já visto em várias ocasiões sendo empurrado pelas ruas da cidade, portanto, imprestável para diligencias; existe carência de pessoal; a alimentação dos detidos tem de vir dos familiares; a alimentação dos próprios agentes tem que ser complementada por eles próprios; são os mesmo agentes que funcionam como carcereiros o que os obriga a alternar a vigilância diuturna dos detidos, e durante as noites se revezarem em turno de uma hora cada para evitar fugas e atender presos em eventuais emergências, o que prejudica o serviço de investigação no dia seguinte; o efetivo policial é relativamente pequeno para a demanda da região que faz fronteira com o estado de Pernambuco e atender seis municípios circuvizinhos.

Na lateral da Delegacia ou no fundo das celas existe a famosa “área da fuga” que além de servir para os presos se evadir após serrar as grades, é utilizada como deposito de motocicletas apreendidas; o mato tomou conta do quintal que também serve para depositar carros apreendidos que enferrujam expostos ao sol e a chuva; a tela de proteção para evitar fugas pelos fundos do prédio há mais de seis meses foi arrombada por detentos em fuga e parte está caindo e da rua qualquer criança tem acesso as dependências da delegacia que a noite não tem iluminação no local.

Sem direito a fotografar ou filmar o ambiente, o acesso ao corredor foi franqueado ao repórter em horário de visitas onde juntamente com os parentes dos detidos foi constatado o cheiro forte de fezes e urina dos presos empilhados na celas pequenas, deitados em colchões protegidos por paredes frias em ambiente desumano e insalubre. Um dos detidos reconheceu o repórter e disse uma frase que serve para o desfecho dessa matéria: “A gente tá aqui por que errou, mas as autoridades esquecem que a gente é humano. Por favor, ajude a gente. Denuncie como nós vivemos aqui dentro” (terminou seu depoimento em lagrimas).

antonio aragão //

com colaboradores


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