Com gazeraweb // regina carvalho
Sem ter como cumprir a carga horária de 40 horas semanais, estipulada pelo Ministério Público Federal (MPF), médicos estão deixando o Programa de Saúde da Família (PSF) no interior de Alagoas. Há ainda a ameaça de debandada geral em algumas cidades após decisão, conforme informou o Sindicato dos Médicos (Sinmed) nesta quarta-feira (14).
O presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed), Wellington Galvão, informou que a tendência é que nos próximos dois meses, o PSF deva perder mais da metade dos médicos que trabalham nos municípios. “Quando foi fechado o valor de dez salários mínimos para quarenta horas semanais a realidade é outra. Hoje os profissionais estão indo embora, trabalhando em outros locais porque agora não dá mais”, disse Galvão.
Antes da decisão do MPF, os médicos trabalhavam cerca de trinta horas semanais e ganhavam por volta de dez salários mínimos. Agora, o salário vai permanecer o mesmo, aumentando em dez horas a carga horária. “No Sul do País, um médicos ganha cerca de quarenta salários mínimos. O salário aqui está defasado, aí não tem como segurar o profissional, ele está indo embora”, acrescentou.
O Sinmed dispõe de informações sobre a situação nos municípios de Palmeira dos Índios e Cajueiro. Na primeira cidade, pelo menos 22 profissionais estariam dispostos a pedir demissão em massa e onze no segundo. “Para a população que depende do PSF vai ser muito difícil. É lamentável o que está acontecendo. Em Maceió, existe plano de carreira e não temos o mesmo problema”, falou Wellington Galvão.
A próxima semana promete ser decisiva para o andamento do programa onde trabalham mais de 700 médicos nos municípios do interior e da capital. É que está programada a saída de mais profissionais.
A audiência pública realizada pelo MPF/AL aconteceu no mês passado e alertou para as recomendações expedidas para o cumprimento integral da jornada de 40 horas semanais do PSF, sob pena de responsabilização no âmbito judicial.