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Municípios
10/09/2011 15:59:21

Em meio a lama das enchentes, políticos são criticados

Em meio a lama das enchentes, políticos são criticados
Ilustração

Com reporteralagoas // railton teixeira

 

Quase um ano e dois meses da enchente que destruiu as cidades ribeirinhas dos rios Mundaú, Canhotinho e Paraíba, entre os estados de Alagoas e Pernambuco, a situação continua a mesma- a única diferença é que as cidades parecem um canteiro de obras e as famílias estão retornando para as áreas de risco.

Andando ao longo das cidades, as ruínas dão lugar as construções e reformas das casas atingidas, que nos últimos meses já se tornou rotina para os moradores que mesmo reconhecendo o tamanho do perigo, preferem conviver com o risco, ao invés de residirem nas barracas de lonas e/ou morar na casa dos familiares.

A enchente ocorrida de 18 de junho de 2010 voltou os olhos do Brasil para Alagoas e Pernambuco, obrigando o Governo Federal a destinar, em caráter emergencial, mais de R$ 1,2 bilhão.

Devido ao volume de recursos destinados a reconstrução- e a possibilidade de haver desvio de verbas federais- o presidente da Comissão de Reconstrução das Cidades Atingidas, da Assembleia Legislativa do Estado, o deputado João Henrique Caldas (PTN), entrou com um pedido de investigação junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) e Controladoria Geral da União (CGU).

“É muito difícil não haver desvios”, diz JHC.

“A inquietação recai mediante a demora da reconstrução e até mesmo atraso na entrega das casas”, disse.

Mas por não existe uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na casa Tavares Bastos, para monitorar o uso do dinheiro? “Apenas podemos acompanhar, não somos a esfera competente, mas a nossa obrigação é buscar as respostas”, respondeu.

Em meio a lama, políticos são odiados

Além de conviverem com o risco e o medo de uma nova enchente, os moradores das áreas ribeirinhas também convivem com as falsas promessas daqueles que tentaram uma vaga no parlamento e até mesmo no Executivo, na época das enchentes.

“Políticos que nunca vimos em nossa vida chegaram aqui prometendo melhores condições para a gente, ainda nos deram algumas coisas, mas depois das eleições eles simplesmente desapareceram e continuamos aqui jogados aos ventos”, desabafou Manoel Juventino da Silva, 60 anos, de Santana do Mundaú.

Morador da localidade há mais de 50 anos, Manoel Juventino já presenciou três enchentes e segundo ele, nas duas últimas, sua residência, onde também funciona um estabelecimento comercial, foi levada pelas cheias.

“A tendência é só piorar, a primeira veio fraca, a segunda já foi mais forte e está última destruiu pelo topo a minha casa, que foi difícil saber onde ela ficava. Graças a Deus ninguém da minha família morreu diferentemente da vizinha que teve o seu filho arrastado, com casa e tudo, pelo rio”, disse.

O Governo adiou, várias vezes, a entrega das casas. Agora, diz que vai inaugurar as primeiras habitações no próximo mês e até o fim do ano os atingidos pelas cheias terão um teto para morar.