antonio aragão //
Este sete de setembro completa 189 anos da Independência do Brasil. É um dia Cívico em que todo cidadão deve reverenciar a liberdade de sua Pátria que naquela época finalmente se livrava do jugo português que não enxergava na Terra de Santa Cruz outra coisa que não o metal reluzente – ouro e pedras preciosas. Era a única serventia do país-continente para o pequenino reino de Portugal hoje um dos países mais pobres da Europa.
O tempo passou e as coisas começaram a acontecer. Hoje, oitava economia do mundo o Brasil sobreviveu a ultima crise financeira que desestabilizou economicamente as super potencias como a América do Norte e o Velho Mundo cujos estados do sul e sudeste acenam para um futuro promissor – e escondem do resto do mundo a realidade em que vivem algumas de suas regiões a exemplo do sofrido Nordeste.
Vamos enfocar um pouco Alagoas e particularmente União dos Palmares onde estamos situados. Anotem os senhores internautas nos quatro rincões do mundo: União dos Palmares está localizada na zona leste do Estado de Alagoas, a conhecida Zona da Mata, e é banhado pelo Rio Mundaú. A distancia para Maceió é de 75 quilômetros e 61 para o Aeroporto Internacional Zumbí dos Palmares. Dista poucos mais de dois mil quilômetros dos grandes centros do país como Brasília, Rio e São Paulo. Menos de 200 kms para as grandes cidades nordestinas como Caruaru, Garanhuns, Recife, Campina Grande e Fortaleza. É servida pela BR-104 e AL-205. Não lhes parece um atrativo para empresas aqui se instalar e gerar empregos? Por que não o fazem?
Nosso solo é fértil, os mananciais de água são abundantes e sua população é composta de uma minoria de quilombolas, o restante gente do trabalho descendente de pernambucanos e de outras cidades alagoanas que migraram para a Terra de Jorge de Lima por ser um lugar que aparentemente promete crescer e oferecer oportunidade para todos desde que retome seu lugar no contexto alagoano superado por cidades de menor população e potencial econômico.
Paira no ar, entretanto uma pergunta: quando isto vai acontecer? O quadro social e a qualidade de vida de nossos irmãos na terra dos verdes canaviais chega a ser desolador, se equiparando aos mais pobres países da Ásia e da África. Nossa gente é tratada em segundo plano pelos governantes que a exemplo dos portugueses só a enxerga para lhe dar votos, status, fama e fortuna.
Que liberdade tem as famílias que vivem nas barracas de lona? Não tem sequer um teto fixo para se abrigar da chuva, do sereno, do sol. Impuseram-lhes – a natureza e os governantes – uma subvida em que a palavra futuro parece impossível e é negada a cada dia. Ao menos, uma casa feita de pau-a-pique, mas pintada, coberta de telhas, instalações elétricas e hidráulicas – dentro da realidade econômica de cada um eles tinham nas ruas devastadas ano passado pelo Rio Mundaú. E hoje têm um banheiro coletivo que só poder ser usado a critério do vigilante que o fecha de cadeado, um ambiente insalubre, uma lavanderia sem comportar a demanda da comunidade, escola distante, atendimento de saúde precário, barracas de lona quentes ou frias e pequenas algumas delas já desgastadas pelo tempo. O que diferencia esta gente da pobreza extrema é que ao menos existe comida para eles.
União dos Palmares, que cognominaram A TERRA DA LIBERDADE tem muito pouco a comemorar neste dia 7 de Setembro de 2011. Um hospital regional que nunca foi construído, duas estradas projetadas para escoar a produção de cana e bananas que no mapa viário nacional constam como pavimentadas mas são de chão batido intransitáveis no inverno. A cidade não dispõe de um museu de seu maior líder o portocalvense Francisco Ganga Zumba que escolheu a Serra da Barriga para se esconder e lutar pela liberdade de seu povo, os africanos. Não foram resguardados sequer prédios ou o acervo histórico que lembre o passado glorioso desse povo, com raras exceções.
As autoridades sabem desses fatos. Não as divulgam para não perder as polpudas verbas como a que vem para a conservação do Parque Nacional de Zumbí. Se estas verbas realmente vem como dizem se diluem nos gabinetes, a exemplo da verba para construir a estrada de acesso ao famoso elevado (Serra da Barriga) conhecido em todo mundo, desejado de ser conhecido por milhões de turistas, mas que seu acesso e a estrutura da cidade não o permitem. Por quê? Que mistérios envolvem esses fatos?
E assim vamos vivendo. Conformados com o trabalho do corte da cana que deve começar nos próximos dias ou com o desemprego dos nossos filhos quando formados mas assim mesmo esperançosos de no ano vindouro votar nos nossos “lideres” que podem nas vésperas da eleição nos doar um punhado pequeno de dinheiro, um botijão de gás, pagar uma conta de luz, de água ou internar nossa avó ou a nós mesmo em um hospital de Maceió. O nosso hospital isto é dos vicentinos atende toda a região mas poucos municípios ou o próprio estado repassam a ajuda necessária para a manutenção do nosso velho São Vicente que tanto nos serve.
Quem sabe, as lideranças mandantes na maioria dos pobres de União dos Palmares a quatro décadas coincidentemente o mesmo tempo que levou o povo de Abraão perambulando no deserto em busca da Terra Prometida, para o ano encontre os verdes campos da Justiça, do respeito ao trabalho da valorização de seus filhos e a dignidade do próximo, e União como aquelas crianças que estamos vendo na reportagem fotográfica desta matéria, possam comemorar seu primeiro ano de independência.












