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Leitura de Domingo
21/12/2025 12:00:00

Detecção de nova cepa de influenza A no Brasil acende alerta global para o próximo inverno

Organização Mundial da Saúde monitora a disseminação da variante K, que pode impactar regiões do hemisfério norte e sul em 2026

Detecção de nova cepa de influenza A no Brasil acende alerta global para o próximo inverno

Recentemente, uma nova subvariante do vírus Influenza A, conhecida como K, foi identificada no Brasil, levando a órgãos de saúde a emitirem avisos para a temporada de gripes que se aproxima, prevista para o final de 2025 e começo de 2026.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) alertou sobre o aumento na circulação do vírus em diferentes continentes, indicando uma possível intensificação da transmissão. A confirmação da variante K ocorreu no estado do Pará, onde amostras analisadas indicaram a presença do subclado J.2.4.1, uma ramificação genética emergente do vírus influenza A (H3N2), conforme o relatório de vigilância das doenças respiratórias divulgado na semana epidemiológica 49, em 12 de dezembro de 2025.

Esse avanço na disseminação foi especialmente impulsionado por uma mutação do vírus, que começou a se espalhar de forma acelerada a partir de agosto de 2025, despertando atenção de especialistas em saúde. Apesar de seu rápido crescimento, os dados atuais não sugerem que essa nova variante provoque quadros clínicos mais graves. Porém, a preocupação aumenta devido à coincidência com a chegada do inverno no Hemisfério Norte, período em que normalmente há aumento de casos de gripes e outras infecções respiratórias.

Essa temporada mais intensa pode sobrecarregar os sistemas hospitalares, agravando o cenário sanitário. Embora o termo 'gripe K' tenha se popularizado em redes sociais e manchetes, a OMS esclarece que não se trata de um vírus novo, mas sim de uma evolução natural do influenza A, que sofre alterações frequentes ao longo do tempo. A variante K apresenta algumas diferenças genéticas em relação às versões anteriores, com maior frequência de detecção em diversas regiões do mundo.

O órgão internacional destaca que, apesar do aumento na circulação, o nível geral da atividade gripal ainda permanece dentro dos limites esperados para esta época do ano. Contudo, alguns países já registram casos mais precoces e intensos, o que serve de alerta. Dentro do cenário global, o atual quadro da gripe é classificado como sazonal, com vírus que circulam continuamente e podem ocasionar desde sintomas leves até quadros graves que exigem hospitalização ou podem levar à morte, especialmente entre populações vulneráveis.

A OMS reforça que, até o momento, não há indícios de que a variante K cause maior gravidade, mas seu rápido espalhamento preocupa. A mutação ocorre frequentemente no vírus Influenza A (H3N2), influenciando sua capacidade de disseminação e a efetividade das vacinas.

O monitoramento do subclado K é feito com atenção redobrada por meio do sistema GISRS (Global Influenza Surveillance and Response System), que reúne informações de mais de 160 instituições em 131 países, complementando com dados de sequenciamento genômico e análises laboratoriais internacionais.

Desde agosto de 2025, a rápida expansão da variante K foi confirmada por sequenciamentos genéticos, reforçando a necessidade de vigilância contínua, especialmente ao se iniciar a temporada de inverno no Hemisfério Norte, momento tradicional de aumento de casos respiratórios. Segundo especialistas, a chegada dessa subvariante ao Brasil é quase inevitável, principalmente devido ao aumento de viagens internacionais e ao período de férias. Rosana Richtmann, chefe do departamento de infectologia do Grupo Santa Joana, destacou que a circulação do clado é altamente provável e que o país deve estar preparado para um possível rápido espalhamento. Na Europa, observa-se uma antecipação da temporada de gripe, marcada pelo aumento na positividade dos testes e pela prevalência do vírus H3N2 em hospitais e unidades de atenção primária, consolidando o cenário de preocupação.

Em outras regiões, o padrão de circulação varia, com temporadas mais longas ou contínuas, especialmente em áreas tropicais. O acompanhamento global é sustentado pela rede GISRS, que integra dados clínicos, epidemiológicos, laboratoriais e genômicos, incluindo informações compartilhadas no banco de dados GISAID. Essa união de informações permite que a OMS avalie riscos e identifique tendências de expansão do vírus.

Apesar do foco na variante K, a agência de saúde reforça que a vacinação permanece a estratégia mais eficaz contra a gripe. Estudos preliminares indicam que a vacina de 2026 poderá oferecer cerca de 70% a 75% de proteção contra hospitalizações em crianças de 2 a 17 anos e entre 30% a 40% em adultos, embora esses números possam variar de acordo com o grupo e a região.

A mensagem principal é clara: mesmo com as mudanças frequentes no vírus, a imunização continua sendo uma das ferramentas mais importantes para a saúde pública, sobretudo para grupos de risco e profissionais de saúde. Quanto aos grupos mais vulneráveis, a OMS destaca idosos, especialmente aqueles acima de 60 ou 65 anos, com maior risco de complicações graves, hospitalizações, insuficiência respiratória e óbitos.

Gestantes também figuram entre os grupos de maior atenção devido à possibilidade de quadros mais severos e complicações como parto prematuro ou aborto espontâneo. Crianças, por sua vulnerabilidade, exigem cuidados adicionais frente às novas variantes. Para quem apresenta sintomas gripais, a OMS recomenda o uso de antivirais, principalmente para indivíduos com risco elevado de desenvolver quadros mais graves, como idosos e portadores de doenças preexistentes.

A organização também orienta que o Brasil, cuja cobertura vacinal, especialmente entre idosos, foi insatisfatória em 2025, mantenha a vigilância e que a população alvo da próxima campanha de imunização se vacine assim que a nova vacina estiver disponível, reforçando a proteção contra a circulação da variante K e outras.