A próxima sessão do Comitê de Política Monetária (Copom) será marcada por uma redução na quantidade de seus integrantes, uma vez que dois dos atuais diretores deixarão o órgão ao final deste ano. Segundo Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, as nomeações ainda estão pendentes por parte do presidente Lula, e os atuais membros que deixarão seus cargos serão bastante sentidados.
Atualmente, a composição do Copom conta com sete integrantes, mas após a saída de Renato Dias de Brito Gomes, responsável por Assuntos de Organização do Sistema Financeiro e Resoluções, assim como de Diogo Abry Guillen, encarregado de Política Econômica, essa quantidade cairá.
Ambos têm seus mandatos encerrados no dia 31 deste mês, e devido ao recesso parlamentar, a nomeação de novos membros só acontecerá no próximo período letivo. O presidente do BC revelou que os integrantes que deixarem suas funções não participarão do encontro agendado para 27 e 28 de janeiro, a próxima reunião do Copom.
Na reunião anterior, na semana passada, a decisão do colegiado foi de manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano, pela quarta rodada consecutiva, decisão tomada por unanimidade. Ao ser questionado pelo Correio sobre a possibilidade de esses diretores permanecerem até a aprovação dos substitutos, Galípolo explicou que não houve espaço para negociações, pois os profissionais já haviam mencionado outros compromissos, incluindo viagens familiares.
Ele ilustrou a situação com uma anedota: “Como argumentar com a filha de um dos diretores?”, afirmou durante uma conversa com jornalistas na sede do banco. Os nomes de Gomes e Guillen representam as últimas indicações feitas pelo governo anterior. Agora, a diretoria do Banco Central será composta exclusivamente por indicações do atual chefe do Executivo. Galípolo destacou que a ausência dos dois não prejudicará as decisões do colegiado na próxima reunião.
Ele também elogiou Guillen, descrevendo-o como um “gênio” e alguém que possui múltiplas qualidades tanto na área econômica quanto no aspecto humano. “Perco um irmão”, afirmou.
Sobre Renato Gomes, o presidente do BC também fez comentários positivos, chamando-o de uma “figura excepcional” e elogiando sua postura gentil e sua habilidade de defender seus argumentos, qualificando-o como um “arquiteto da lógica”. Enquanto isso, o presidente Lula ainda não revelou quem assumirá as duas posições, mantendo assim sete votos na próxima deliberação do Copom.
Galípolo declarou que a ausência temporária dos dois diretores não deverá interferir na decisão final. Atualmente, as funções de Gomes e Guillen serão acumuladas pelos diretores Gilneu Vivan, responsável por Regulação, e Paulo Picchetti, encarregado de Assuntos Internacionais, até que os novos nomes sejam confirmados.
Quando questionado sobre uma possível volta ao Ministério da Fazenda, em caso de saída do ministro Fernando Haddad, Galípolo afirmou que não há planos nesse sentido e que está “muito satisfeito” com sua atuação no Banco Central.