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Geral
16/12/2025 17:00:00

Novonor Planeja Desfazer-se de Sua Participação na Braskem Através de Nova Parceria

Mudanças na gestão poderiam facilitar a recuperação da petroquímica frente a obstáculos ambientais e econômicos

Novonor Planeja Desfazer-se de Sua Participação na Braskem Através de Nova Parceria

A antiga Odebrecht, atualmente denominada Novonor, assinou um pacto de exclusividade com a gestora de investimentos IG4 Capital, visando a venda de seus direitos na Braskem, conforme anúncio feito ontem pela própria empresa petroquímica ao mercado financeiro.

De acordo com o comunicado oficial, a IG4 assumirá uma participação na gestão da Braskem ao lado da Petrobras, que detém aproximadamente 47% das ações da companhia. Após a finalização da venda, a Novonor ficará com uma fatia residual de 4%, composta por ações preferenciais, sem direito a influência nas decisões.

A operação envolve a liquidação de dívidas que totalizam cerca de R$ 20 bilhões, garantidas por ações da Braskem, negociadas com credores como Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil e BNDES, segundo fontes do setor financeiro.

O procedimento depende de aprovações regulatórias, incluindo a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), e há um prazo máximo de 60 dias para a formalização da transferência das ações.

Desde agosto, a IG4 vinha negociando com instituições financeiras credoras da Novonor para estruturar a operação. Caso seja aprovada, a gestora passará a controlar 50,1% do capital com direito a voto e 34,3% do total de participação na Braskem, enquanto a Novonor manterá uma parcela minoritária e a Petrobras seguirá com sua participação atual.

A dívida total da Novonor, incluindo credores como Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil e o BNDES, antes do acordo, superava os R$ 15 bilhões.

A iniciativa integra o processo de recuperação judicial da Novonor, que busca reduzir sua pesada dívida, a qual aumentou consideravelmente após o escândalo envolvendo a Operação Lava Jato, ocorrido há aproximadamente uma década, quando a companhia colocou ações da Braskem como garantia de empréstimos milionários.

Especialistas do mercado de ações veem a entrada de um novo controlador na Braskem como uma chance de revitalização, sobretudo após os prejuízos decorrentes do colapso do solo, que afetaram as margens de lucro da companhia e agravaram o passivo ambiental gerado pela maior tragédia socioambiental urbana da atualidade.

A IG4 confirmou que a negociação inclui dívidas garantidas por ações da própria Braskem, totalizando cerca de R$ 20 bilhões, reforçando o compromisso com garantias em ações.

Relatórios da agência Reuters, publicados no final do ano passado, indicaram que o governo brasileiro vinha discutindo com bancos do país uma estratégia para transferir a participação da Novonor na Braskem para um fundo de private equity, uma modalidade de investimento voltada para empresas fora do mercado de ações ou em processos de reestruturação.

Especialistas dizem que essa operação pode ajudar a diminuir o peso da dívida da Novonor, que aumentou após o escândalo de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a Lava Jato. Na época, a Odebrecht, antiga denominação da companhia, usou suas ações na Braskem como garantia em operações financeiras de grande porte.

Apesar de tentativas anteriores, a Novonor enfrentou dificuldades na venda de sua participação majoritária na petroquímica. Recentemente, estiveram em negociação nomes como Nelson Tanure, empresário conhecido por investir em firmas em dificuldades financeiras.

A gestão da Braskem e seus consultores permanecerão inalterados, garantindo a continuidade das operações, de acordo com informações da IG4. A mesma também revelou que há planos em andamento para um programa mais amplo de reestruturação, conhecido como 'turnaround', que visa a recuperação financeira e operacional da empresa.

O conceito de private equity consiste em investimentos especializados em companhias privadas, que não são negociadas na bolsa. Esses fundos reúnem recursos de investidores institucionais e pessoas físicas com o objetivo de adquirir, reestruturar, expandir e vender as empresas após alguns anos, buscando lucro a médio e longo prazo, geralmente entre 5 e 10 anos.

O modelo consiste na captação de recursos junto a fundos de pensão, seguradoras e investidores de alta renda, que aportam capitais em empresas maduras com potencial de crescimento ou necessidade de reestruturação. Gestores atuam ativamente na administração dessas companhias, buscando valorizá-las, enquanto os fundos vendem suas participações ao final do período de investimento, por meio de ofertas públicas, vendas para outros investidores ou fusões.

Diferenças importantes entre private equity e venture capital também merecem destaque: enquanto o PE investe em empresas consolidadas com potencial de crescimento, o VC foca em startups e negócios em estágio inicial, assumindo riscos maiores com a esperança de obter retornos elevados.

A própria Braskem comunicou oficialmente que o acordo com a IG4 pode ser afetado por questões ambientais relacionadas à operação, o que poderia inviabilizar ou reduzir consideravelmente o valor final da venda, conforme informações divulgadas em seus canais oficiais, buscando manter a transparência com seus acionistas.