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Atualidade
12/12/2025 16:00:00

França adia negociações comerciais com Mercosul e coloca acordo em risco

Decisão do governo francês pode comprometer tratativas de um tratado de livre-comércio multilíngue, alertam fontes próximas às discussões

França adia negociações comerciais com Mercosul e coloca acordo em risco

De acordo com informações obtidas por pessoas familiarizadas com o assunto, o governo de Emmanuel Macron planeja postergar a assinatura do pacto pelo menos até o início do próximo ano.

Essas fontes, que conversaram com a Bloomberg News, indicam que a decisão pode ameaçar o andamento das negociações. Segundo a agência de notícias Bloomberg, a França busca atrasar a formalização de um acordo de livre comércio entre a União Europeia e várias das principais economias sul-americanas, um movimento que pode resultar na interrupção total das tratativas.

A assinatura do acordo, prevista inicialmente para 20 de dezembro, envolve a ratificação do pacto entre a UE e o bloco do Mercosul — formado por Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai. Apostando na possibilidade de um atraso, o governo francês quer postergar a assinatura pelo menos até o início do próximo ciclo anual.

O acordo, que vem sendo negociado há um quarto de século, corre o risco de ser completamente desfeito se não for finalizado até o final deste ano, alertaram as fontes sob condição de anonimato. Caso não seja concluído, há uma preocupação de que todo o esforço acumulado até aqui seja perdido.

Em resposta às especulações, um representante do Ministério das Relações Exteriores da França declarou que o tratado, em sua forma atual, não atende aos interesses do país. O acordo visa criar uma área de livre comércio que englobe cerca de 780 milhões de consumidores, fortalecendo a indústria manufatureira europeia — que tem enfrentado adversidades — bem como o setor agrícola do Mercosul.

Além disso, a iniciativa busca diminuir a dependência das regiões em relação aos Estados Unidos, especialmente após a imposição de tarifas comerciais pelo governo de Donald Trump, uma estratégia que visava remodelar o comércio internacional em favor da economia americana. Outro benefício do pacto seria a ampliação da presença da União Europeia na América do Sul, uma região onde a China já se consolidou como fornecedora principal de bens industriais e uma das maiores compradoras de commodities.

Entretanto, diversos países da Europa, notadamente França e Polônia, resistem ao acordo há anos, principalmente devido ao impacto potencial sobre a agricultura local. Produtores rurais temem que a entrada de produtos latino-americanos prejudique suas vantagens competitivas.

Recentemente, a Comissão Europeia, órgão executivo do bloco, apresentou garantias adicionais para proteger o setor agroalimentar europeu, na tentativa de convencer os países que ainda resistem à assinatura. Em especial, a França busca garantias mais sólidas que assegurem a proteção de seu setor agrícola, indicaram fontes próximas às negociações.