Prata registra seu valor mais alto na história impulsionada por demanda e políticas econômicas

A cotação da prata atingiu um recorde inédito, ultrapassando US$ 60 por onça (aproximadamente 28 gramas) em operações de mercado à vista, na terça-feira (9/12). Este foi o primeiro momento em que a prata ultrapassou essa faixa, refletindo uma combinação de fatores recentes. A valorização ocorre em meio à expectativa de uma redução na taxa de juros pelo Federal Reserve, o banco central dos EUA, diante do forte apetite do setor de tecnologia pelo metal. Essa alta ocorre ao mesmo tempo em que o ouro, que também atingiu recordes neste início de ano devido às preocupações com tarifas americanas e perspectivas econômicas globais, mantém seu valor em alta. Investidores tendem a direcionar recursos para metais preciosos como ouro e prata em momentos de queda nas taxas de juros e enfraquecimento do dólar americano. Na tarde de quarta-feira (10/12), o Fed anunciou uma redução de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, levando-a para uma faixa de 3,50% a 3,75% ao ano — o nível mais baixo desde setembro de 2022. Essa decisão já era prevista pelo mercado financeiro. A diminuição das taxas de juros torna investimentos em metais como a prata mais atrativos, pois reduz a vantagem de manter dinheiro em bancos ou aplicar em títulos de curto prazo, explicou Yeow Hwee Chua, professor na Universidade Tecnológica de Nanyang. Ele acrescentou que essa mudança naturalmente direciona a demanda para ativos considerados reservas de valor, incluindo a prata. O movimento de investidores para ativos de 'refúgio seguro' também foi um fator importante na recente escalada do ouro, que superou US$ 4.000 por onça pela primeira vez, refletindo a busca por segurança em tempos de incerteza. Segundo Christopher Wong, analista do banco OCBC, a alta da prata pode ser um efeito indireto da valorização do ouro, à medida que investidores procuram alternativas mais acessíveis. O preço do ouro já subiu mais de 50% neste ano, impulsionado por compras de bancos centrais, além de aumentos nos valores da platina e do paládio. Outro aspecto relevante é a forte demanda do setor tecnológico, que tem superado a oferta, impulsionando o preço da prata em mais de duas vezes neste ano, superando outros metais preciosos, como o ouro. Kosmas Marinakis, da Universidade de Gestão de Singapura, destacou que a prata não é apenas um ativo de investimento, mas também um recurso físico cada vez mais necessário, especialmente por conduzir eletricidade de forma superior ao ouro ou cobre, sendo essencial na fabricação de veículos elétricos e painéis solares. Especialistas apostam que a expansão nas vendas de veículos elétricos aumentará a procura pela prata, já que as novas baterias demandam mais desse metal.

Contudo, a oferta de prata é difícil de ser ampliada rapidamente, pois a maior parte de sua produção é um subproduto extraído de minas que extraem principalmente chumbo, cobre e ouro.

O valor do metal também é influenciado por receios de que os EUA possam impor tarifas sobre ele, como parte das políticas comerciais do governo Trump. Essa preocupação levou ao acúmulo de prata nos Estados Unidos, causando escassez em outras regiões.

Os EUA importam cerca de dois terços de sua prata, utilizada na manufatura, joalheria e investimentos, e a competição por manter o abastecimento tem contribuído para a elevação dos preços globais, segundo Marinakis.

Ele projeta que, devido a esses fatores, a cotação da prata deve permanecer elevada nos próximos meses.