12/12/2025 18:55:25

América Latina
11/12/2025 20:00:00

Líderes latino-americanos discutem silêncio estratégico sobre intervenções americanas no Caribe

Lula e Maduro mantêm contato discreto para tratar de tensões relacionadas aos EUA e à situação na Venezuela

Líderes latino-americanos discutem silêncio estratégico sobre intervenções americanas no Caribe

Na última terça-feira, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Nicolás Maduro, da Venezuela, tiveram uma conversa telefônica que durou aproximadamente 15 minutos, em uma iniciativa mantida sob sigilo até o momento. A comunicação foi confirmada por fontes do Palácio do Planalto à CNN Brasil. Durante a ligação, Lula demonstrou preocupação com as ações dos Estados Unidos na região do Caribe e solicitou que Maduro avaliasse as movimentações americanas.

Ainda segundo informações, essa foi a primeira conversa entre ambos em mais de um ano, desde o agravamento da crise política na Venezuela, desencadeada pela suspeita de fraude nas eleições de 2024, o que provocou o esfriamento das relações diplomáticas.

Os auxiliares do presidente brasileiro definiram o encontro como cordial e uma tentativa de estabelecer um primeiro contato após um período de tensões. Lula não chegou a oferecer mediação com a Casa Branca, embora tenha mencionado essa possibilidade em conversas recentes com Donald Trump.

Entretanto, durante o diálogo com Maduro, a hipótese de atuar como mediador não foi discutida. De acordo com assessores próximos ao governo, divergências no passado, como o bloqueio do Brasil à entrada da Venezuela no Brics e o arrefecimento após a suspeita de fraude eleitoral, contribuíram para o distanciamento.

Assim, a conversa serviu como uma tentativa de “quebra-gelo” para futuras negociações. As respostas de Maduro limitaram-se a repetir declarações já feitas anteriormente pelo governo venezuelano, incluindo uma forte negação às acusações de que ele lidera uma quadrilha de narcotraficantes e a tentativa de desqualificar a hipótese de drogas produzidas na Venezuela serem enviadas aos Estados Unidos.

Para o Palácio do Planalto e o Ministério das Relações Exteriores, a Casa Branca vinha apostando na possibilidade de intervenções militares e na instabilidade interna na Venezuela como estratégias para remover Maduro do poder.

No entanto, não há sinais concretos de uma ruptura nesse cenário. Atualmente, o governo brasileiro acredita que a opção mais provável seja uma ação pontual e cirúrgica dos Estados Unidos contra pontos específicos na Venezuela ligados ao tráfico de drogas, sem uma invasão de grande escala, embora essa possibilidade ainda seja considerada.

Especialistas indicam que a conversa foi uma tentativa de reestabelecer canais diplomáticos e entender os próximos passos, mesmo que ambos os lados mantenham uma postura de cautela e sigilo em relação às próximas ações.