Entendendo o Soluço: Causas, Cuidados e Soluções Eficazes

O soluço consiste em uma interrupção repentina no padrão respiratório, caracterizada por espasmos involuntários do diafragma. Geralmente, esses episódios desaparecem espontaneamente após alguns minutos, sendo considerados comuns e inofensivos. No entanto, episódios frequentes ou prolongados podem ser sinais de condições de saúde mais sérias.

Entre as causas mais frequentes do soluço, destaca-se o refluxo gastroesofágico. Essa condição ocorre quando o ácido do estômago retorna ao esôfago, irritando o diafragma e provocando contrações involuntárias. Além disso, fatores que aumentam a pressão abdominal — como obesidade, gestação ou refeições muito volumosas — também podem desencadear o problema.

Outro fator que contribui para o surgimento do soluço é a ingestão rápida de alimentos, bebidas gaseificadas ou alimentos ricos em gordura. Essas práticas distendem o estômago e estimulam o diafragma, facilitando os espasmos. Portanto, recomenda-se mastigar lentamente, evitar exageros na alimentação e dedicar atenção à forma de comer.

Segundo o gastroenterologista Alexandre Fontoura, da Clínica Selecta Vie, o ácido estomacal pode irritar o nervo responsável pelo controle do diafragma. Qualquer estímulo nessa região — seja de origem digestiva ou respiratória — pode desencadear o soluço. Assim, hábitos alimentares inadequados representam uma das principais causas do problema.

Quando o soluço acontece de forma pontual, com duração de até dois dias, é considerado de grau leve e tende a desaparecer sem necessidade de intervenção médica. Contudo, episódios que duram mais do que esse período ou se tornam frequentes podem indicar condições mais graves à saúde.

Casos de soluço que persistem por mais de 72 horas classificam-se como crônicos e requerem investigação para identificar causas como refluxo severo, hérnia de hiato, lesões próximas ao diafragma ou mesmo problemas neurológicos. Pessoas idosas devem redobrar a atenção, pois episódios persistentes podem estar relacionados a doenças como AVC, esclerose múltipla ou tumores no sistema nervoso central. Realizar exames de ressonância magnética pode ajudar na identificação do problema e orientar o tratamento adequado.

Medicamentos específicos também podem estar associados ao agravamento ou ao desencadeamento do soluço. Entre eles, estão corticosteroides, especialmente dexametasona, opioides, quimioterápicos, anestésicos e drogas dopaminérgicas. Essas substâncias podem alterar a sensibilidade do nervo que controla o diafragma ou afetar os nervos relacionados à respiração, aumentando a ocorrência de espasmos. Pacientes que utilizam esses medicamentos e percebem soluço frequente devem comunicar o sintoma ao seu médico.

Para os soluços comuns, alguns truques populares incluem beber água de forma rápida, prender a respiração ou ser assustado, embora não haja comprovação científica definitiva de sua eficácia. Essas práticas funcionam ao elevar os níveis de dióxido de carbono no sangue ou estimular nervos ligados ao diafragma, ajudando a interromper o reflexo responsável pelo episódio.

De acordo com o gastroenterologista Brunno Gomes Rocha, do centro gastronômico Gastrovie, em Brasília, esses métodos caseiros podem aliviar o desconforto momentâneo, mas casos que persistem por mais tempo exigem avaliação médica, que pode incluir o uso de medicamentos específicos para tratar a causa subjacente.