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Saúde
22/11/2025 10:00:00

Técnicas Comprovadas para Reduzir o Acúmulo de Gordura no Órgão Hepático

Especialistas revelam o papel da resistência à insulina, controle glicêmico e tratamentos inovadores na prevenção da esteatose hepática

Técnicas Comprovadas para Reduzir o Acúmulo de Gordura no Órgão Hepático

A presença de depósitos de gordura no fígado, popularmente chamada de esteatose hepática ou fígado gordo, tornou-se um dos distúrbios mais comuns na sociedade atual, impulsionada pelo aumento da obesidade, pré-diabetes, diabetes tipo 2 e hábitos alimentares ricos em alimentos ultraprocessados.

Embora muitas pessoas descubram a condição através de exames periódicos, profissionais alertam que a doença pode evoluir silenciosamente, sem sinais evidentes, e, sem intervenção adequada, pode progredir para processos inflamatórios, formação de fibrose e, eventualmente, cirrose hepática. Portanto, entender a abordagem mais eficaz para eliminar a gordura e restaurar a função do fígado é crucial.

A raiz do problema reside no metabolismo: quando o corpo passa a responder de forma inadequada à insulina — condição denominada resistência insulínica — o fígado sofre consequências diretas.

Nesse cenário, o órgão tenta equilibrar o nível de glicose produzindo maior quantidade de açúcar e convertendo parte desse excesso em gordura. Com o tempo, o fígado fica sobrecarregado, acumulando triglicerídeos nas células hepáticas.

A endocrinologista Daniela Gebrim comenta que a má gestão dos níveis de glicose aliada à resistência insulínica faz com que o fígado produza e armazene gordura, levando ao desenvolvimento da esteatose hepática.

De acordo com ela, o primeiro passo para reverter esse quadro metabólico consiste em melhorar a sensibilidade à insulina, por meio da perda de peso e do controle dos níveis de glicose, interrompendo assim o ciclo de acumulação de gordura no fígado.

Mas como identificar a gordura no órgão? Conhecida comumente como gordura no fígado, a esteatose hepática acontece quando as células do órgão acumulam quantidades excessivas de lipídios.

No estágio inicial, a condição geralmente não apresenta sintomas evidentes. Porém, com o avanço, pode ocasionar dores na região superior direita do abdômen, além de fadiga, fraqueza, perda de apetite, aumento do fígado, inchaço abdominal, dores de cabeça frequentes e dificuldades na perda de peso.

As principais causas envolvem obesidade, diabetes, colesterol elevado e consumo excessivo de álcool. A prevalência da doença é maior entre mulheres sedentárias, devido à influência do estrogênio na acumulação de gordura no fígado, embora indivíduos magros, abstêmios de álcool e até crianças também possam desenvolver a condição.

Essa compreensão reforça que a estratégia mais eficaz para eliminar a gordura hepática deve envolver uma reestruturação do metabolismo, não apenas uma redução calórica. Melhorar a sensibilidade à insulina faz com que o fígado deixe de produzir gordura em excesso, direcionando a energia de maneira equilibrada e evitando o acúmulo lipídico.

Recentemente, medicamentos como os agonistas de GLP-1, exemplificados pela semaglutida, e os compostos GIP/GLP-1, como a tirzepatida, ganharam destaque por promoverem emagrecimento, melhorarem o controle glicêmico e reduzirem diretamente a gordura no fígado.

A endocrinologista Marília Bortolotto, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), destaca que esses remédios são indicados sobretudo para pacientes com obesidade, diabetes tipo 2 ou doenças hepáticas relacionadas a disfunções metabólicas.

Além de ajudar na diminuição do acúmulo de lipídios, esses tratamentos podem atrasar o desenvolvimento de fibrose hepática. Ela também reforça a importância de hábitos alimentares saudáveis: “O consumo excessivo de carboidratos, açúcares e alimentos ultraprocessados é um dos principais inimigos da saúde do fígado”.

Outro aspecto relevante é a ingestão moderada de café. Segundo ela, até duas xícaras por dia podem oferecer proteção contra fibrose e câncer de fígado ao longo do tempo.

Especialistas afirmam que a perda de peso é um fator determinante na recuperação da doença. Perder pelo menos 5% do peso corporal já reduz consideravelmente a gordura hepática. Quando chega a 7%, há melhora na inflamação, e perdas superiores a 10% contribuem para a reversão da fibrose em estágios iniciais, um avanço importante para evitar a progressão para cirrose.

Identificar os indivíduos com maior risco de progressão da condição também é essencial. Pessoas com diabetes tipo 2, resistência severa à insulina, obesidade, dislipidemia ou níveis transaminásicos elevados devem manter acompanhamento contínuo.

Exames complementares, como elastografia (FibroScan), cálculos como o FIB-4, além de avaliações laboratoriais de função hepática e glicemia, auxiliam na avaliação do estágio da doença e orientam o tratamento. Em casos específicos, a biópsia hepática permanece como o método padrão ouro para avaliar inflamação e fibrose.

Por fim, a batalha contra a gordura no fígado depende de uma combinação de ações: reorganizar o metabolismo, proteger o órgão, controlar os fatores que contribuem para a condição e promover hábitos saudáveis. Controlar a glicemia, emagrecer, alimentar-se bem, tratar a resistência insulínica, utilizar medicamentos quando necessário e realizar monitoramento regular do fígado são passos fundamentais nesse processo de recuperação.