Apesar da implementação de um acordo de trégua desde 10 de outubro, os confrontos na Faixa de Gaza continuam a crescer em intensidade. A organização Hamas afirma que Israel teria alterado a denominada 'linha amarela', que marca a divisão do território desde a assinatura do tratado de paz, levando à diminuição do espaço controlado pelos palestinos.
Nessa sexta-feira (21), o exército israelense confirmou a morte de cinco membros do Hamas. Segundo relatos militares, eles teriam saído de um túnel localizado ao sul da Faixa de Gaza, que dá acesso à área sob domínio israelense, e que os soldados identificaram como uma ameaça imediata. Ao tentar interceptá-los, as forças de Israel neutralizaram os combatentes.
Relatos de Rami el Maghari e Lucas Lazo, correspondentes da RFI em Gaza e Ramallah, incluindo agências de notícias.
Na mesma data, cinco militantes do Hamas foram abatidos em operação militar. O exército israelense declarou que eles emergiram de uma estrutura subterrânea na região de Rafah, ao leste, tendo se aproximado das forças de segurança, que os consideraram uma ameaça iminente. Assim, as tropas responderam com ações de fogo diretto, acabando com as ameaças.
O território palestino é atualmente dividido, sendo que o exército de Israel controla 53% da área, que apresenta vasta destruição, escassez de população e abrigos de cerca de trinta unidades militares. A porção ocidental é administrada pelo Hamas, composta por áreas densamente povoadas.
O espaço entre as duas áreas é segmentado por uma 'linha amarela', composta por blocos de concreto de coloração amarela, colocados a cada 200 metros, formando um traçado irregular e pouco definido. Desde o início do cessar-fogo, mais de 300 palestinos perderam a vida, muitos dos quais mortos perto dessa linha, cuja violação costuma gerar reações imediatas de retaliação.
O Hamas acusa que tanques e tropas israelenses avançaram mais de 300 metros além da fronteira ao leste de Gaza, informação corroborada por um correspondente da emissora Al Jazeera, indicando uma possível violação do acordo de trégua por parte de Israel.
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'Sete membros da mesma família mortos'
Além dos cinco combatentes do Hamas, mais de 30 civis palestinos foram mortos por ataques israelenses nos últimos dois dias na região. Testemunhos de moradores revelam o drama vivido sob constante ameaça.
Abu Montasser, residente de Shijaiya, ao sul de Gaza, foi deslocado com sua família para Zeitoun, no sudoeste da cidade. Na quarta-feira (19), enquanto ouvia as notícias no rádio, foi surpreendido pelos bombardeios.
“De repente, o prédio foi atingido por dois ataques aéreos, fazendo os tijolos caírem sobre nós. Felizmente, não fomos feridos. Saímos para verificar os danos e encontrei sete membros da mesma família, os Azzam, mortos — o pai, a mãe e seus filhos. Em outra sala, um menino e uma menina da família Keshko também estavam mortos. A cena foi demais para mim; fiquei ali, paralisado,” relata.
Hassan, comerciante de peças de reposição, também foi ferido durante o bombardeio. Ele conta que após o ataque, os vizinhos buscaram seus pertences sob os escombros.
“Na hora, não conseguíamos nos enxergar, estávamos separados. Gritávamos: 'Procuro meu irmão!', sem sucesso. Nos encontramos perto do hospital Mamdani, onde fui levado. Meus dois sobrinhos também foram levados, ambos atingidos por tijolos nas costas e na cabeça,” descreve o morador.