Na tentativa de fortalecer sua defesa, o governo venezuelano liderado por Nicolás Maduro iniciou uma série de exercícios militares abrangentes, voltados a proteger o espaço aéreo nacional diante do aumento da tensão com os Estados Unidos.
As atividades envolvem o exército, as forças paramilitares, as forças policiais e líderes comunitários ligados ao governo, e tiveram início na última terça-feira em todo o território.
Segundo o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino López, a intenção é manter a prontidão para proteger a pátria de qualquer ameaça, independentemente de sua natureza ou intensidade. Ele declarou à televisão estatal: "Nos manteremos firmes na preparação para defender nosso país em todos os aspectos."
Estas ações acontecem num momento de escalada de hostilidades, após ordens do governo de Donald Trump para deslocar navios de guerra próximos às águas venezuelanas.
Nos meses recentes, os Estados Unidos realizaram ataques aéreos contra embarcações nas Caraíbas, incluindo um ataque anunciado pelo secretário de Defesa, Pete Hegseth, no começo desta semana.
Hegseth explicou que o último ataque tinha como alvo duas embarcações suspeitas de tráfico de drogas no Oceano Pacífico, resultando na morte de seis pessoas.
Desde o início da ofensiva antidrogas promovida pela administração Trump, pelo menos 75 indivíduos perderam suas vidas em 19 ataques.
Alguns especialistas interpretam as ações norte-americanas como uma estratégia de pressão contra Maduro, que enfrenta acusações de narcoterrorismo nos Estados Unidos.
Maduo, por sua vez, acusa o governo norte-americano de orquestrar uma guerra fictícia contra ele, alegando que a intervenção é uma tentativa de facilitar uma invasão ao país.
Desde o começo de setembro, os ataques dos EUA, inicialmente concentrados no Mar das Caraíbas, têm se direcionado principalmente às embarcações no Pacífico Oriental, região-chave para o tráfico de cocaína produzida na América do Sul.
Trump justificou as operações alegando que os Estados Unidos estão em conflito com cartéis de drogas e que as embarcações atacadas seriam operadas por organizações terroristas estrangeiras, responsáveis por trazer drogas às cidades americanas.
No entanto, o presidente dos EUA não apresentou evidências concretas para suas alegações, e diversos políticos, incluindo membros do Partido Republicano, têm demandado mais informações sobre os alvos e a legalidade dessas ações.
Em paralelo, Maduro tem mobilizado suas forças militares desde o início dos ataques e incentivado a participação de civis na defesa do país, alegando que há risco de invasão por parte dos Estados Unidos.
Na última semana, durante uma visita a um centro de recrutamento, Padrino López pediu aos venezuelanos que se preparassem para resistir ao que chamou de "agressão imperialista".
As forças civis de defesa, conhecidas como milícias, foram criadas pelo falecido presidente Hugo Chávez e incluem voluntários treinados para atuar em situações de emergência, participando regularmente de treinamentos e exercícios de grande escala.