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Mundo
13/11/2025 02:00:00

Petróleo russo se acumula em navios após sanções dos EUA e pressiona o mercado global

Petróleo russo se acumula em navios após sanções dos EUA e pressiona o mercado global

Um grande volume de petróleo russo permanece armazenado em navios ao redor do mundo, refletindo os efeitos das recentes sanções impostas pelos Estados Unidos e gerando pressão sobre o mercado global, que já enfrenta risco de excesso de oferta. Consultorias do setor estimam que cerca de 40% do aumento no transporte marítimo de petróleo vem de países sob sanções — como Rússia, Irã e Venezuela — ou de origens não identificadas. Mesmo as projeções mais conservadoras indicam que o petróleo desses países representa uma parcela desproporcional do comércio mundial.

O acúmulo não significa que o petróleo ficará sem destino, mas sinaliza dificuldades para descarregar os barris e ameaça as receitas de nações exportadoras sob restrição. Analistas afirmam que o destino desse petróleo “à deriva” será decisivo para o comportamento dos preços nos próximos meses, em um mercado já marcado pela cautela e pela reorganização de fluxos.

Segundo a Clarksons Securities, parte do aumento se deve ao endurecimento das sanções, que deixaram embarcações russas sem autorização para descarregar. Isso levou antigos compradores a buscarem alternativas no Oriente Médio e no Atlântico. A Bloomberg aponta que a Rússia é o principal motor desse aumento, elevando a produção após reduzir cortes acordados com parceiros da Opep+. Ataques ucranianos a refinarias também forçaram Moscou a redirecionar parte do petróleo a terminais de exportação, agravando o acúmulo.

As restrições ocidentais vêm afetando diretamente as exportações russas. Refinarias da Índia e da China têm evitado novas compras, enquanto as sanções dos EUA contra gigantes como Rosneft e Lukoil dificultam a comercialização dos barris. As receitas fiscais russas ligadas ao petróleo caíram mais de 24% em outubro, em comparação ao mesmo período do ano passado, e o governo prevê o menor nível de arrecadação desde 2020.

O Irã também registrou forte aumento nas exportações, atingindo em outubro o maior volume em sete anos, mesmo com novas sanções impostas pelos EUA a um terminal chinês envolvido na compra de petróleo iraniano. A OilX e outras consultorias alertam que parte desse petróleo é transportada pela chamada “frota fantasma”, embarcações que operam sem rastreamento oficial e atrasam o escoamento da carga.

Ao mesmo tempo, há grande volume de petróleo não sancionado circulando. A OilX destaca a Arábia Saudita como principal responsável pela alta global desde agosto, seguida pelos Estados Unidos e pela própria Rússia. Os sauditas voltaram a exportar no maior ritmo em dois anos e meio, tentando recuperar mercado após os cortes de produção da Opep+. Já as exportações americanas atingiram a maior média desde meados de 2024, impulsionadas por vendas para refinarias asiáticas.

Apesar disso, os barris provenientes de países sob sanções respondem por uma parcela maior do aumento do que sua contribuição para a produção mundial. Especialistas do setor afirmam que o cenário de excesso é evidente. “Há muito petróleo no mar neste momento”, disse Brian Mandell, vice-presidente da Phillips 66. “Agora, o mercado observa atentamente para descobrir de onde vem todo esse petróleo e qual será seu destino.”