12/11/2025 02:19:30

Acidente
11/11/2025 00:00:00

Grupo insurgente paquistanês reivindica responsabilidade por ataque mortal em Islamabad

Explosão frente a tribunal na capital deixou 12 vítimas fatais e 27 feridos; grupo armado declara ataque como parte de sua luta contra leis não islâmicas

Grupo insurgente paquistanês reivindica responsabilidade por ataque mortal em Islamabad

Na cidade de Islamabad, uma explosão ocorrida na terça-feira (11) resultou na morte de 12 pessoas e ferimentos em outras 27, após um ataque suicida nas proximidades de um tribunal. A autoria do incidente foi assumida pelo Movimento Talibã do Paquistão (TTP), que frequentemente realiza ações contra as forças de segurança do país.

Segundo o ministro do Interior do Paquistão, Mohsin Naqvi, um indivíduo detonou um dispositivo explosivo por volta das 12h30 (4h30 em Brasília) próximo a uma viatura policial.

Horas depois, o TTP, uma organização militante alinhada à ideologia do Talibã em Cabul, confirmou sua participação na ação através de uma nota enviada à imprensa. O grupo afirmou: "Na terça-feira, um de nossos membros atacou uma corte em Islamabad". A declaração também afirma que os ataques continuarão contra aqueles que julgam, executam ou protegem leis não islâmicas, até que a Sharia seja implementada em todo o território paquistanês.

Este episódio aumenta a preocupação com uma possível intensificação de conflitos entre o Paquistão e o Afeganistão, que enfrentaram confrontos violentos na semana de outubro.

Islamabad, até então, era vista como uma cidade relativamente segura, tendo seu último incidente semelhante registrado em dezembro de 2022. Contudo, o ministro da Defesa, Khawaja Asif, descreveu o ataque como um "sinal de alerta" e destacou que, nesse contexto, as negociações com Cabul provavelmente não avançarão, dado o aumento da hostilidade.

O especialista americano Michael Kugelman, via rede social X, comentou que o Talibã ameaçou retaliar ataques aéreos paquistaneses no Afeganistão, prometendo possíveis ofensivas insurgentes contra Islamabad, o que ele afirmou estar colocando a estabilidade do Sul da Ásia em risco.

O impacto da explosão foi sentido intensamente nas áreas ao redor do tribunal, onde testemunhas relataram que uma forte detonação provocou incêndios em veículos e espalhou o caos. As forças de segurança imediatamente isolaram o perímetro, que inclui vários escritórios governamentais.

Na sequência, a tensão entre os dois países se intensificou. O governo paquistanês exige garantias do Afeganistão de que deixará de apoiar o facção TTP, uma alegação que Cabul nega. Ambos os governos estabeleceram uma trégua precária após negociações difíceis, com ameaças de retomar hostilidades caso haja novos ataques em seus territórios.

O ministro da Defesa do Paquistão afirmou que o atentado serve como um alerta, e que a chance de sucesso nas conversas com o governo de Cabul é mínima neste momento. Segundo ele, o Talibã ameaçou atacar Islamabad por meio de insurgentes como retaliação por ações aérea paquistanesas no território afegão, o que reforça a preocupação sobre a estabilidade regional.

O episódio causou pânico nas imediações do tribunal, onde testemunhas relataram ouvir uma explosão potente e ver veículos em chamas. As forças de segurança reforçaram a vigilância na área, que é composta por vários escritórios públicos.

Embora Islamabad seja considerada uma cidade de relativa segurança, a história recente registra episódios de violência, com o último ataque dessa natureza ocorrendo em dezembro de 2022. O ministro do Interior também mencionou que, um dia antes, houve um ataque a uma escola na província de Khyber Pakhtunkhwa, na fronteira com o Afeganistão, no qual três pessoas perderam a vida. Ele acusou o Afeganistão de envolvimento direto na violência.

O Ministério das Relações Exteriores do Talibã manifestou, através de sua conta no X, "profunda tristeza" e condenou veementemente tanto a explosão em Islamabad quanto o ataque à escola na mesma região.

Recentemente, o conflito entre Paquistão e Afeganistão se intensificou, principalmente na fronteira, levando a uma série de ataques em Cabul, que resultaram na morte de mais de 70 pessoas, incluindo cerca de 50 civis afegãos, conforme dados da ONU. As tensões também aumentaram com a Índia, inimigo ancestral do Paquistão, após uma breve guerra em maio que deixou mais de 70 vítimas em ambos os lados, até a assinatura de um cessar-fogo que trouxe uma trégua temporária às hostilidades.