A 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, conhecida como COP30, tem início nesta segunda-feira (10) na cidade de Belém, no estado do Pará.
O evento celebra uma década desde a assinatura do Acordo de Paris e busca estabelecer novos compromissos ambientais até 2035, além de promover ações conjuntas que visem conter o aumento da temperatura global.
Entre os principais objetivos estão a promoção da justiça social, a preservação de florestas e a inovação sustentável. O cronograma oficial do evento é organizado em seis pilares centrais: energia, indústria e transporte; florestas, oceanos e biodiversidade; agricultura e sistemas alimentares; urbanismo, infraestrutura e recursos hídricos; desenvolvimento humano e social; além de temas de caráter transversal.
Segundo o embaixador André Corrêa do Lago, que preside a conferência, toda a estrutura foi pensada para conectar as negociações às ações concretas, promovendo uma plataforma que une implementação, equidade e urgência.
Durante os primeiros dias, as discussões irão abordar temas como adaptação às mudanças climáticas, bioeconomia, turismo sustentável e economia circular. Na sequência, o foco será saúde, educação, direitos humanos e integridade das informações. Entre 14 e 15 de novembro, o atenção será direcionada à transição energética; de 17 a 18, a proteção de florestas, oceanos e comunidades indígenas.
Os dias finais tratarão de questões relacionadas à alimentação, gênero, ciência e inteligência artificial. Além das sessões formais, a programação inclui eventos culturais, painéis paralelos e exposições nas áreas Azul e Verde, distribuídas ao longo de Belém.
No total, mais de 10 mil profissionais, agentes e militares atuarão na segurança, saúde e mobilidade do evento. A vice-governadora do Pará, Hana Ghassan, comemorou o sucesso na preparação, destacando o esforço coletivo.
Para garantir o funcionamento adequado, hospitais como Abelardo Santos, Hospital das Clínicas e Hospital da Mulher estão preparados para emergências, enquanto o transporte conta com 240 ônibus dedicados exclusivamente a atender os delegados, além de 100 veículos que levam cerca de 5 mil participantes hospedados em cruzeiros no Porto de Outeiro.
Apesar do planejamento, a COP30 enfrenta controvérsias relacionadas ao aumento excessivo nas tarifas de hotéis na cidade, em alguns casos até 15 vezes o valor usual. Corrêa do Lago condenou essa prática como "completamente abusiva", alertando que ela provoca insatisfação entre os participantes.
A identidade visual do evento apresenta o Curupira, personagem do folclore brasileiro, como símbolo da conferência. A escolha visa valorizar a cultura amazônica e reforçar o papel das florestas na agenda climática global. Corrêa do Lago enfatizou que, se for possível reverter o desmatamento e recuperar áreas degradadas, será possível reduzir significativamente os gases de efeito estufa e revitalizar ecossistemas, fortalecendo o combate às mudanças climáticas.
Pesquisadores e educadores afirmam que essa representação fortalece a educação ambiental, especialmente entre os jovens, além de promover o patrimônio cultural brasileiro.
A realização da COP30 ocorre em um momento em que os países participantes devem apresentar suas Novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), com metas até 2035. Corrêa do Lago destacou a importância do encontro, afirmando que os resultados indicarão o quão próximo estamos de limitar o aumento da temperatura global em 1,5°C, limite estabelecido pela ciência para garantir a segurança do planeta.
Como anfitrião, o Brasil busca usar a conferência para fortalecer sua posição diplomática na redução global de emissões e no fortalecimento de políticas climáticas internacionais.