09/11/2025 17:41:38

Acidente
09/11/2025 12:00:00

INEP anuncia nova data para reaplicação da Prova Nacional Docente após problemas na primeira rodada

Aplicação do 'Enem dos Professores' gerou críticas por condições inadequadas e questões extensas, levando à decisão do MEC de refazer o exame em 11 locais

INEP anuncia nova data para reaplicação da Prova Nacional Docente após problemas na primeira rodada

Em resposta às dificuldades enfrentadas durante a primeira fase do 'Enem dos Professores', o Ministério da Educação (MEC), sob a orientação do ministro Camilo Santana, determinou a realização de uma segunda aplicação da Prova Nacional Docente (PND) nos pontos onde foram detectadas intercorrências.

A decisão foi motivada por críticas às condições adversas observadas na ocasião, incluindo problemas estruturais e dificuldades logísticas. Para a reaplicação, será utilizada uma prova de reserva, alinhada aos critérios da Teoria da Resposta ao Item (TRI), mesma metodologia empregada no Enem. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que coordena o exame em parceria com a Fundação Getulio Vargas, identificou falhas em 11 locais de aplicação, embora ainda não tenha divulgado as instituições afetadas. A data para a segunda chamada será comunicada futuramente.

O exame, destinado a avaliar a qualidade das licenciaturas e auxiliar na seleção de futuros professores da educação básica pública, foi realizado em 2.637 locais distribuídos por 751 municípios brasileiros.

Contudo, sua estrutura extensiva foi alvo de críticas, pois candidatos relataram provas excessivamente longas, com perguntas repetitivas, altamente teóricas e pouco relacionadas ao cotidiano escolar, além de apresentarem cenários predominantemente administrativos. A professora de matemática Lele Teixeira, do Ceará, apontou que as questões poderiam ter sido divididas em dois dias, como ocorre no Enem.

Apesar de ter sido planejado para um número padrão de perguntas e uma redação, muitos candidatos perceberam a quantidade como superior ao esperado, tendo que completar tudo em uma única sessão de seis horas.

Além do formato, problemas de infraestrutura também foram amplamente relatados. Paulo Vinicius Ramos, formado em letras com habilitação em inglês, contou que precisou colocar seus pertences no chão devido ao estado precário das mesas.

Em várias escolas, as salas de prova não comportavam todos os candidatos, levando-os a se deslocar para pátios ou refeitórios, onde a fiscalização era insuficiente.

Ramos também destacou que a ausência de ventilação e ar-condicionado prejudicou o conforto durante o exame, além de atrasos durante a aplicação e mobiliário em más condições.

Especialistas também criticaram o método de avaliação. Francys Kleybson, professor de Educação Física, afirmou que usar uma prova como critério de avaliação de professores é problemático, especialmente em escolas com recursos limitados.

“Muitas abordagens não refletem a realidade que enfrentamos diariamente”, explicou. Anderson Rannier, em fase de doutorado em Biologia, ressaltou que algumas questões dava margem para interpretações subjetivas, exigindo que os candidatos adivinhassem a metodologia, o que tornava o processo mais cansativo e menos claro para quem já atua na área de ensino.

Por sua vez, Jéssica Souza, educadora especial na rede estadual de São Paulo, avaliou que a prova abordou temas relevantes como inclusão e metodologias ativas, mas lamentou o formato exaustivo, devido às falhas na estrutura e na logística, como a falta de procedimentos padronizados de aplicação.

Ela também apontou que não houve aplicação voltada para profissionais de educação especial.

Na esfera cultural, o humorista Fran Mendes utiliza vídeos na internet para discorrer sobre questões do universo da educação, sempre com o personagem “Tia Fran”, que busca dar visibilidade aos professores, uma categoria muitas vezes esquecida e pouco valorizada pelo sistema educacional.

Sua proposta é promover debates sobre temas importantes relacionados ao cotidiano dos docentes.

Em Santa Catarina, a pedagoga Sarah Costa, criadora de conteúdo, acompanhou a prova e usou suas redes sociais para provocar reflexão de forma leve, abordando questões sérias como o idadismo, tema da questão discursiva, e o cansaço causado pela extensão da avaliação.

Para ela, é fundamental abrir espaço para conversas acessíveis sobre os desafios enfrentados pelos professores, mantendo uma postura crítica e estimulando o debate público acerca da estrutura e da condução do exame.