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Saúde
08/11/2025 22:00:00

Perigos de automedicação com canetas para emagrecimento ganham atenção após mortes no país

Casos recentes destacam os riscos de usar esses dispositivos sem orientação médica e a circulação clandestina no mercado nacional

Perigos de automedicação com canetas para emagrecimento ganham atenção após mortes no país

O uso de canetas emagrecedoras tem provocado preocupações após ocorrerem fatalidades relacionadas à prática. Os incidentes evidenciam os perigos de consumir tais medicamentos sem supervisão especializada e a problematização da venda irregular desses itens no território brasileiro.

 

Empresário Augusto Grimaldi relata que sua circunferência abdominal era significativamente maior antes de iniciar o uso das canetas para emagrecimento: ele conseguiu eliminar 15 quilos em três meses e meio. Segundo ele, essa mudança ocorreu após começar a usar o produto, com acompanhamento de um nutrólogo e ortopedista. "Eles solicitaram diversos exames — de sangue, alimentares e genéticos — e, após analisarem os resultados, concluíram que eu poderia usar o medicamento", explica Augusto.

Por outro lado, nem todos buscam orientação profissional antes de recorrer às canetas. Muitas pessoas conhecem alguém que utiliza esses dispositivos de forma autônoma, desprezando os riscos associados à automedicação. Essa prática ocorre, pois há quem tente evitar as restrições impostas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que exige receita médica para aquisição desses tratamentos.

Após uma denúncia, a equipe de reportagem do SBT entrou em contato por mensagens com um funcionário de uma farmácia em São Paulo. Em pouco tempo, ele ofereceu a caneta sem solicitar qualquer prescrição médica.

O endocrinologista Ramon Marcelino, do Hospital das Clínicas de São Paulo, advertiu sobre os riscos de usar o produto sem verificar possíveis condições prévias de saúde. "Indivíduos com tipos específicos de câncer de tireoide ou transtornos alimentares não controlados, como anorexia nervosa, devem evitar iniciar esse tipo de tratamento. Além disso, há o perigo de frustração, caso a pessoa não receba orientação adequada sobre alimentação equilibrada e prática regular de atividades físicas, podendo não obter os resultados desejados.

Ainda há a possibilidade de efeitos colaterais, como náusea e vômito, frequentemente provocados por doses superiores às recomendadas", reforça o especialista. Na segunda-feira passada, na cidade de João Pessoa, uma mulher de 31 anos, Jéssica Manoele, faleceu após utilizar uma caneta emagrecedora sem acompanhamento médico.

O perito responsável pela investigação, Flavio Fabres, do Núcleo de Medicina e Odontologia Legal, descreveu o quadro clínico: "Ela apresentou uma reação adversa ao medicamento, sofrendo uma crise de hipoglicemia, detectada pela equipe de resgate do Samu.

Nessa condição, a perda de consciência pode levar ao risco de broncoaspiração, ou seja, o alimento pode entrar nas vias respiratórias, resultando em sufocamento. Foi exatamente isso que ocorreu com ela", relatou o profissional.

Anvisa anuncia procedimentos para acelerar aprovação de novos medicamentos no Brasil Até o momento, ao menos duas mortes ligadas ao uso de canetas para emagrecimento foram confirmadas no país. A segunda aconteceu em Guarujá, litoral paulista, envolvendo uma mulher que combinou a aplicação da caneta com a administração de enzimas.

O endocrinologista Ramon Marcelino enfatiza que o método mais eficaz e seguro para perda de peso é aquele que seja sustentável, acompanhado por profissionais e realizado com acompanhamento médico adequado."