Na última sexta-feira, uma embarcação de bandeira maltês, que havia sido alvo de um ataque pirata na área marítima próxima à Somália, foi recuperada por uma força naval da União Europeia.
Todos os 24 integrantes da tripulação escaparam ilesos após o incidente, que reacendeu preocupações acerca da atividade pirata na região. A ação ocorreu quando o navio-tanque Hellas Aphrodite, transportando gasolina da Índia para a África do Sul, foi interceptado por piratas.
A operação de resgate foi concluída com sucesso quando a fragata espanhola ESPS Victoria se aproximou do navio sob ataque. Forças especiais desembarcaram do navio de guerra e libertaram os tripulantes, que estavam refugiados na cabina do navio desde o começo do assalto, na quinta-feira passada, conforme divulgado pela coalizão anti-pirataria da UE, Operação Atalanta.
De acordo com a Operação Atalanta, a demonstração de força por parte do ESPS Victoria foi suficiente para dispersar os atacantes, que decidiram recuar ao perceberem a presença militar mais robusta. A operação também contou com o apoio de um helicóptero, um drone e uma aeronave adicional que auxiliaram na operação.
A avaliação do risco na área permanece como prioridade máxima, alertou a própria Operação Atalanta, que destacou que o navio e os piratas continuam na região. Uma operação coordenada está em andamento para localizar e interceptar o barco suspeito utilizado na agressão. A empresa de segurança privada Diaplous Group afirmou que o ESPS Victoria permaneceria na área até que o Hellas Aphrodite conseguisse reiniciar seus motores e seguir viagem.
Durante o ataque, piratas dispararam armas de fogo automáticas e granadas de foguete contra o petroleiro. Dados de rastreamento indicaram que, na sexta-feira, o navio se encontrava a mais de 1.000 km da costa somali, enquanto o centro britânico UKMTO (United Kingdom Maritime Trade Operations) alertava sobre um novo episódio na mesma região.
Segundo o UKMTO, uma embarcação com três tripulantes, associada ao mesmo grupo pirata do incidente, tentou se aproximar de outra embarcação, que conseguiu evitar o contato. Este episódio segue o ataque ao navio de carga Stolt Sagaland, registrado na segunda-feira passada, com bandeira das Ilhas Caimão, envolvendo troca de tiros entre a equipe de segurança armada e os piratas, conforme informações da força marítima da UE.
Outros incidentes ligados ao mesmo grupo de piratas, que supostamente opera a partir de um barco de pesca iraniano apreendido anteriormente, também foram reportados na região.
A pirataria na costa da Somália atingiu seu auge em 2011, com 237 ataques documentados, causando prejuízos de aproximadamente 7 bilhões de dólares à economia global na época.
Ainda assim, pagamentos de resgate chegaram a 160 milhões de dólares, o equivalente a 138 milhões de euros. O número de ataques diminuiu consideravelmente devido às patrulhas internacionais, ao fortalecimento do governo somali e a outros esforços de combate.
Contudo, a atividade pirata voltou a se intensificar no último ano, impulsionada pela instabilidade na região, incluindo ações dos rebeldes Houthi no Iêmen e o conflito entre Israel e Hamas em Gaza. Até o momento, em 2025, sete incidentes foram registrados na área marítima próxima à Somália, segundo dados do Gabinete Marítimo Internacional.
Apesar de alguns barcos de pesca terem sido capturados por piratas neste período, o ataque ao Hellas Aphrodite é o primeiro a atingir uma embarcação comercial desde maio do ano passado, sinalizando uma retomada da atividade hostil na região.