Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump diminuiu as possibilidades de um confronto bélico com a Venezuela, embora tenha indicado que o atual governo de Nicolás Maduro tem seus dias contados.
Durante entrevista ao programa 60 Minutes, da CBS, parceiro da BBC nos EUA, Trump foi questionado sobre a possibilidade de uma ação militar contra Caracas e respondeu: "Duvido que isso aconteça. Não vejo isso como uma probabilidade, embora eles tenham nos tratado de forma bastante indelicada".
Nas últimas oito semanas, as forças armadas americanas intensificaram sua presença no Mar do Caribe, deslocando navios de guerra, caças, bombardeiros, unidades de fuzileiros navais, drones e aeronaves de espionagem. Este é o maior agrupamento militar na região em décadas.
Os Estados Unidos continuam realizando operações contra supostos navios envolvidos em tráfico de drogas na região caribenha. O governo Trump afirma que essas ações são essenciais para impedir o fluxo de entorpecentes para o território americano.
Quando perguntado se o fim do mandato de Maduro está próximo, Trump respondeu que acredita que sim. "Sim, acho que sim", declarou.
Além disso, Trump afirmou que não há planos de invasão terrestre, mas não descartou essa possibilidade. Disse apenas: "Não posso afirmar que não farei algo na Venezuela".
Na sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, o presidente comentou que cada barco abatido representa a morte de aproximadamente 25 mil pessoas devido ao tráfico de drogas e à destruição de famílias no país.
Quanto a uma eventual ação terrestre, Trump deixou claro que ainda não decidiu, afirmando: "Não vou dizer o que farei ou não na Venezuela". Ele também destacou a presença de aviões B-52, de longo alcance, realizando exercícios de ataque na costa venezuelana, e anunciou o envio de uma grande embarcação da Marinha e da CIA para a região.
O líder de Caracas, Nicolás Maduro, acusou Washington de planejar um novo conflito armado. Já o presidente colombiano, Gustavo Petro, criticou as ações dos EUA, afirmando que os ataques a embarcações visam dominar a América Latina.
Trump declarou que o país tomará medidas para impedir a entrada de indivíduos de várias partes do mundo, incluindo o Congo, e afirmou que a Venezuela, em particular, apresenta problemas decorrentes de gangues criminosas, especificamente citando o Tren de Aragua, que classificou como a organização mais violenta do mundo.
O ex-presidente também abordou a retomada de testes nucleares. Questionado por Norah O'Donnell, da CBS, se os EUA voltariam a realizar explosões atômicas, Trump respondeu: "Sim, pretendemos testar armas nucleares, assim como outros países fazem". Ainda assim, o Secretário de Energia, Chris Wright, tentou tranquilizar o público, afirmando em entrevista à Fox News que os EUA não têm planos de realizar testes atômicos.
Durante a conversa, Trump falou ainda sobre a crise política atual nos Estados Unidos, que já dura mais de um mês, deixando milhões de cidadãos sem acesso a serviços essenciais. Ele atribuiu a responsabilidade aos democratas, que chamou de "lunáticos descontrolados" que 'perderam o rumo', e expressou esperança de que eles acabarão votando para encerrar a paralisação.
Esta foi sua primeira entrevista à CBS desde que processou a Paramount, responsável pela transmissão, por suposta edição tendenciosa de uma entrevista de 2024 com a então vice-presidente Kamala Harris. Trump alegou que o material foi manipulado para favorecer o Partido Democrata e que o acordo de pagamento de US$ 16 milhões (R$ 86 milhões) com a Paramount, destinado à futura biblioteca presidencial, não foi uma compensação direta ou indireta a ele, e que a empresa não pediu desculpas.
Por fim, Trump destacou que sua última aparição no programa 60 Minutes ocorreu em 2020, quando abandonou uma entrevista com Lesley Stahl por considerar as perguntas tendenciosas. Desde então, não acenou para novas entrevistas durante a campanha de 2024.