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Meio Ambiente
31/10/2025 16:00:00

Frio e muita chuva: La Niña traz clima de inverno em pleno novembro

Frio e muita chuva: La Niña traz clima de inverno em pleno novembro

A cerca de um mês e meio do início do verão no Hemisfério Sul, o Brasil deve enfrentar um novembro atípico, com temperaturas mais baixas e muita chuva em boa parte do território. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a influência do fenômeno La Niña será responsável por um mês úmido, sem ondas de calor intensas como as registradas nos últimos dois anos.

A previsão indica precipitações em praticamente todas as regiões — Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Norte — e até mesmo frio em estados como São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais.

Na Região Norte, o INMET prevê chuvas até 50 milímetros acima da média histórica em áreas do oeste e sudeste do Amazonas, noroeste e sudeste do Pará e norte de Rondônia. Já no Acre, sudoeste do Pará, norte do Amapá, centro-sul de Roraima, centro-leste de Tocantins e sul de Rondônia, as precipitações devem ficar abaixo da média. Nas demais áreas, o volume de chuvas deve se manter dentro dos padrões normais para o mês.

No Nordeste, a previsão indica índices próximos à média histórica em quase todos os estados, com exceção do centro-leste da Bahia e do sul do Maranhão e do Piauí, onde deve chover menos do que o habitual.

Na Região Centro-Oeste, o prognóstico aponta para chuvas abaixo da média em grande parte do Mato Grosso do Sul e nas regiões nordeste e sul do Mato Grosso. Já em Goiás, no Distrito Federal e no centro-oeste mato-grossense, o cenário é de precipitações dentro ou acima da média.

Para o Sudeste, o mês deve ser marcado por volumes próximos ou superiores à média em Minas Gerais, centro-norte do Rio de Janeiro e Espírito Santo, enquanto o estado de São Paulo deve ter chuvas abaixo do esperado.

No Sul, os acumulados devem ser menores que a média em boa parte do Paraná, no oeste de Santa Catarina e no norte, noroeste, centro e sudeste do Rio Grande do Sul. Apenas uma pequena faixa no extremo sul catarinense pode registrar volumes acima da média, enquanto o restante da região deve apresentar índices próximos ao normal.

Calor no Norte e frio no Sudeste

Apesar das chuvas generalizadas, a previsão do INMET indica que as temperaturas permanecerão acima da média na maior parte do país. O calor deve ser mais intenso na Região Norte, especialmente no Pará, oeste do Amazonas e centro de Roraima, com médias acima de 28 °C e até 1,5 °C superiores ao normal.

No Nordeste, o termômetro também deve ficar mais alto, com desvios de até 1 °C acima da média, principalmente no sul do Piauí e leste do Maranhão. Em áreas litorâneas, as temperaturas variam entre 23 °C e 28 °C.

No Centro-Oeste, o calor predomina, com médias até 1 °C acima da normalidade, especialmente no Mato Grosso, noroeste do Mato Grosso do Sul e oeste de Goiás.

Já o Sudeste deve registrar temperaturas mais amenas. Em Minas Gerais e no leste de São Paulo, as médias ficam entre 20 °C e 22 °C. No Rio de Janeiro e Espírito Santo, o cenário é de até 1 °C abaixo da média, com temperaturas entre 22 °C e 25 °C. No oeste paulista, porém, os termômetros podem subir, ultrapassando 24 °C.

Na Região Sul, as temperaturas devem ficar até 1 °C acima da média no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e centro do Paraná, com médias entre 17 °C e 22 °C. Na faixa litorânea, o padrão se mantém dentro da média, com pequenas variações negativas em áreas do nordeste catarinense.

Impactos na agricultura

O INMET alerta que o comportamento climático de novembro poderá afetar o setor agrícola. No sudoeste do Pará e na região do MATOPIBA — que abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia —, a combinação de calor e pouca chuva tende a reduzir a umidade do solo, atrasando a semeadura das culturas de sequeiro. Já no SEALBA (Sergipe, Alagoas e Bahia), as chuvas próximas da média devem garantir boas condições para a maturação e colheita do milho da terceira safra.

No Centro-Oeste, a previsão de chuvas abaixo da média e temperaturas um pouco mais altas favorece a colheita do milho de segunda safra e do algodão, reduzindo o risco de perdas por excesso de umidade. Em contrapartida, Goiás, o Distrito Federal e o oeste do Mato Grosso devem registrar chuvas entre 10 mm e 50 mm acima do normal, o que beneficia o plantio de soja e milho de primeira safra, estimulando a germinação e o crescimento inicial das lavouras.

No Sudeste, a combinação de chuvas dentro ou ligeiramente acima da média e temperaturas estáveis deve ajudar na semeadura dos cultivos de verão, especialmente nas áreas mais úmidas. Contudo, no centro-sul de São Paulo, o solo pode perder umidade devido à menor incidência de chuva e calor acima do normal, dificultando o início do ciclo de culturas como soja e milho, embora favoreça a conclusão da colheita da cana-de-açúcar.

No Sul, a previsão de chuvas próximas ou ligeiramente abaixo da média, aliada ao aumento da temperatura, deve facilitar a colheita do trigo e impulsionar a semeadura da soja e do milho de primeira safra, desde que o solo mantenha níveis adequados de umidade.

Assim, novembro será um mês de contrastes: enquanto o Norte e o Nordeste enfrentam calor e precipitações irregulares, o Sudeste e o Sul podem viver um clima quase invernal, com temperaturas amenas e chuvas persistentes — um retrato típico da influência de La Niña sobre o Brasil.