Na atual fase, o cometa interestelar 3I/ATLAS está passando pela sua trajetória mais próxima do Sol, conhecida como periélio, entre os dias 29 e 30 de outubro.
Durante esse período, ele se encontra a aproximadamente 1,4 unidades astronômicas (cerca de 210 milhões de quilômetros) de distância do nosso planeta, situando-se logo além da órbita marciana, conforme dados fornecidos pela NASA.
O termo 'periélio' refere-se ao ponto na órbita de um corpo celeste em que ele se aproxima do Sol ao máximo. Diante do fenômeno, astrônomos de diversas partes do mundo intensificaram as investigações acerca de suas características físicas e composição.
O corpo foi detectado inicialmente no começo de julho deste ano por meio do telescópio da rede ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System), que identificou um objeto aparentemente anômalo na região de Río Hurtado, no Chile.
As análises orbitais indicam que a trajetória do 3I/ATLAS é hiperbólica, o que sugere que ele não é gravitacionalmente vinculado ao Sol, sendo um visitante de fora do sistema solar. Ainda há especulações sobre possíveis origens extraterrestres; contudo, até o momento, não há evidências concretas que confirmem qualquer conexão alienígena.
A NASA reforça que o corpo não apresenta risco de impacto para a Terra. Até agora, o 3I/ATLAS é o terceiro objeto de origem interestelar a cruzar nossa vizinhança cósmica, tornando-se uma das poucas amostras de corpos extraterrestres observadas em nosso sistema solar, o que explica a limitada compreensão sobre suas origens.
Estudos recentes realizados com o telescópio espacial James Webb (JWST) revelaram detalhes peculiares em sua composição química. Uma das descobertas foi a presença de uma coma (nuvem de gases e poeira ao redor do núcleo) composta predominantemente por dióxido de carbono (CO?), uma concentração sem precedentes em outros cometas. Além disso, o 3I/ATLAS apresenta cerca de oito vezes mais dióxido de carbono do que água, superando em mais de seis vezes os limites normalmente esperados para tais corpos.
Com uma velocidade superior a 210 mil km/h, os pesquisadores estão em uma corrida contra o tempo para coletar o máximo possível de informações químicas e físicas do objeto.
Em paralelo, a Rede Internacional de Alerta de Asteroides (IAWN) anunciou a realização de um treinamento especial que visa aprimorar a precisão na medição de sua órbita.
O exercício, previsto para ocorrer de 27 de novembro de 2023 a 27 de janeiro de 2026, é uma iniciativa anual que desde 2017 tem selecionado objetos de interesse, e o 3I/ATLAS foi escolhido devido à sua recente atenção.
A participação na atividade é restrita aos astrônomos que concluírem um workshop sobre técnicas de medição astrométrica de cometas, com inscrições abertas até 7 de novembro. É obrigatório possuir um código MPC — uma identificação para observatórios astronômicos — para se inscrever.
O calendário completo do treinamento está disponível para consulta.