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Mundo
29/10/2025 00:00:00

Alianças europeias intensificam vigilância marítima contra ameaças russas no Atlântico Norte

Países membros da OTAN reforçam operações de reconhecimento e enfrentamento de submarinos russos, enquanto expandem cooperação de defesa

Alianças europeias intensificam vigilância marítima contra ameaças russas no Atlântico Norte

Na última hora, na Escócia, uma missão de reconhecimento elevou o nível de alerta dos países da OTAN na região do Atlântico Norte.

Oficiais alemães testaram na prática o novo sistema de vigilância aérea, o avião Poseidon, de alta tecnologia, em Lossiemouth, enquanto o ministro da Defesa da Alemanha,

Boris Pistorius, sobrevoava a área a bordo de um Boeing 737 adaptado para detectar operações submarinas suspeitas. Durante o voo, Pistorius descreveu a experiência, afirmando que a aeronave voou a aproximadamente 300 metros de altitude, permitindo que ele observasse navios balançando nas ondas de mar agitado.

O P-8, conhecido como Poseidon ou Boeing 737 militar, foi projetado para localizar submarinos russos que frequentemente partem do porto de Murmansk rumo ao Atlântico Norte.

Embora nenhuma embarcação tenha sido avistada na demonstração, o ministro acompanhou o lançamento de boias sonares, capazes de captar o ruído dos motores marítimos a grandes distâncias. A Marinha alemã já receberá oito unidades dessa avançada tecnologia de vigilância aérea.

Países aliados, como Reino Unido, Noruega e Estados Unidos, já operam esse equipamento, formando uma rede de monitoramento que cobre o Atlântico Norte e o Mar Báltico, usando bases em Lossiemouth, Keflavik na Islândia, e Nordholz na Alemanha.

O objetivo é acompanhar a aproximação de submarinos, especialmente os que possuem propulsão nuclear e armamentos estratégicos, uma preocupação crescente devido ao aumento dessas atividades russas. Especialistas da OTAN alertam que a presença de submarinos russos, alguns com capacidade nuclear, vem crescendo de forma alarmante, dificultando sua localização devido à ausência de transponders, dispositivos eletrônicos que facilitam a comunicação submarina.

Assim, as forças de reconhecimento aéreo se tornam essenciais para detectar sua movimentação, especialmente na zona de fronteiras marítimas dos países da aliança.

O secretário britânico de Defesa, John Healey, declarou que a intenção é que a Força Aérea Real e as forças navais alemãs trabalhem juntas na caça aos submarinos russos, reforçando a proteção europeia a partir de Lossiemouth.

Essa colaboração, segundo Healey, é fundamental para garantir a segurança da região, e a estratégia envolve também a monitorização de atividades marítimas não militares, como cargueiros, petroleiros e embarcações de pesca que possam se aproximar de cabos submarinos, oleodutos ou parques eólicos offshore.

A iniciativa também prevê o fortalecimento das defesas europeias e o suporte à Ucrânia, com expansão da cooperação entre Alemanha e Reino Unido em tecnologia de drones e aprimoramento do equipamento militar terrestre. Um míssil de longo alcance, desenvolvido em conjunto pela OTAN, será capaz de interceptar mísseis e ataques aéreos russos nos estágios iniciais de uma possível ofensiva.

Apesar do foco na ameaça russa, os ministros reforçaram o compromisso de continuar apoiando a Ucrânia, através de treinamentos militares e fornecimento de armamentos, no esforço de resistência contra a Rússia. Os países da coalizão, liderada pelo Reino Unido, já comprometeram recursos que totalizam 57 bilhões de euros (R$ 533 bilhões), mas os representantes afirmam que é necessário fazer mais.

Pistorius também expressou ceticismo quanto às sanções econômicas impostas pela União Europeia e pelos Estados Unidos à Rússia, destacando que, apesar das ações anteriores, as medidas não tiveram efeito duradouro. Portanto, ele reafirmou a importância de aumentar os esforços de defesa, unindo forças e demonstrando capacidade de autossuficiência.

O projeto de aquisição de aeronaves Poseidon para a Marinha alemã representa uma pequena parte dessa estratégia de reforço, cujo orçamento deve mais que dobrar até 2029, atingindo 150 bilhões de euros. Assim, a Europa busca consolidar uma postura mais autônoma na defesa, minimizando a dependência de unidades militares americanas estacionadas na Islândia, enquanto intensifica seu controle sobre o Atlântico Norte e o Mar Báltico, refletindo uma mudança na dinâmica de poder e responsabilidade na região.