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Mundo
28/10/2025 00:00:00

Rússia revoga acordo de reprocessamento de plutônio com os EUA em meio ao aumento de tensões militares

Medida de Vladimir Putin indica o encerramento de tratados pós-Guerra Fria, agravando o cenário de desarmamento nuclear entre as duas potências

Rússia revoga acordo de reprocessamento de plutônio com os EUA em meio ao aumento de tensões militares

Na manhã desta segunda-feira (27/10), o líder russo Vladimir Putin assinou uma legislação que formaliza a saída do país de um pacto com os Estados Unidos voltado ao reprocessamento de plutônio, com o objetivo de evitar a fabricação adicional de armamentos nucleares. Este movimento representa a dissolução de mais um acordo bilateral estabelecido após o fim da Guerra Fria, refletindo a deterioração das relações entre Moscou e o Ocidente nos últimos anos. Originalmente assinado em 2000 e ratificado em 2011, o tratado denominado oficialmente como Acordo de Gestão e Disposição de Plutônio (PMDA, na sigla em inglês) estabelecia o compromisso de ambos os países em transformar o excesso de plutônio mencionado na Guerra Fria em combustível para energia nuclear, destinado à geração de eletricidade. Segundo o tratado, cada nação tinha a responsabilidade de reprocessar 34 toneladas de plutônio, o que poderia abastecer aproximadamente 17 mil mísseis nucleares. Porém, em 2016, Putin decretou a suspensão da participação russa nesse acordo, num momento de forte desconfiança e tensões crescentes com os EUA, marcados pela presidência de Barack Obama (2009-2017) e pela anexação da Crimeia pela Rússia. Na época, Moscou reivindicou o fim das sanções ocidentais e a redução da presença militar americana na Europa Oriental, pedidos que foram rejeitados por Washington. A declaração oficial do Kremlin afirmou que "nenhuma das condições estabelecidas foi cumprida, além das várias ações anti-Russas tomadas pelos Estados Unidos, que modificaram completamente o equilíbrio estratégico na assinatura do tratado, aumentando as ameaças à estabilidade mundial". O decreto assinado por Putin, que já tinha aprovação do Parlamento russo, constitui uma formalização do rompimento do pacto. Na mesma linha, críticos ocidentais apontam que Putin tem utilizado ameaças nucleares como ferramenta de intimidação desde o início do conflito na Ucrânia, iniciado em fevereiro de 2022. Em 2023, ele anunciou a suspensão do tratado de desarmamento nuclear New Start, o qual é considerado o último acordo de controle de armas entre Moscou e Washington. Firmado em 2010 e implementado em 2011, o tratado limitava a 1.550 o número de ogivas nucleares de cada lado e restringia os sistemas de lançamento a um máximo de 800, possibilitando até 20 inspeções anuais. Apesar de Putin afirmar que a Rússia não está formalmente saindo do tratado, ele mencionou em setembro de 2025, que o acordo pode ser prorrogado por mais um ano, embora detalhes sobre negociações atuais permaneçam incertos.

O prazo de validade do tratado está previsto para expirar em fevereiro de 2026.

Ainda, neste domingo, a Rússia informou ter realizado com sucesso um teste de seu novo míssil de cruzeiro de propulsão nuclear, chamado Burevestnik.

Essa ação aumentou ainda mais as tensões entre Moscou e Washington, especialmente após o presidente norte-americano Donald Trump classificar a divulgação do teste como "inadequada".

Atualmente, Rússia e Estados Unidos dominam cerca de 8 mil ogivas nucleares, uma quantidade consideravelmente menor do que o auge de 73 mil armas em 1986, mas continuam sendo os principais atores no cenário do armamento nuclear mundial.