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Mundo
27/10/2025 22:00:00

Cenário Atual de Gaza: Desafios e Perspectivas Pós-Conflito

Análises sobre a reconstrução, política e o sentimento da população na região devastada

Cenário Atual de Gaza: Desafios e Perspectivas Pós-Conflito

Após anos de conflito intenso e uma radicalização crescente liderada pelo Hamas, a região de Gaza enfrenta uma trajetória complexa de recuperação. Os extremistas continuam a manter o controle na Faixa, contrariando os termos do recente acordo de trégua.

Recentemente, a libertação de 20 cidadãos israelenses que permaneceram reféns por dois anos em túneis na área gerou uma reação profunda em toda a sociedade israelense. Essa libertação teve um efeito imediato e quase mágico, modificando o clima de tensão e medo que dominava o país.

O impacto, porém, não se restringe à emoção coletiva. Enquanto há divergências internas acerca das estratégias de condução do conflito e do futuro de Gaza, uma unanimidade se mantém: a dor e a ansiedade que permeiam as famílias afetadas. Todos os israelenses compartilham esse sentimento, embora sua intensidade varie de pessoa para pessoa.

Nas últimas duas semanas, mesmo com a esperança de recuperar os restos mortais de 13 reféns ainda desaparecidos, a sensação de urgência diminuiu. A atmosfera de terror cedeu lugar a uma certa esperança de respirar novamente, apesar das incertezas sobre o fim do conflito, as mudanças no cenário geopolítico e os passos de Israel rumo à recuperação e estabilidade. Internamente, o país ainda lida com as consequências financeiras, o trauma e o desgaste emocional.

Questões relativas ao futuro de Gaza e às relações entre ela e Israel ocupam um espaço central na preocupação nacional e internacional. Como consequência, a opinião mundial acompanha de perto o que ocorre na região, com Israel sob um olhar atento global.

Com o inverno chegando, a situação dos palestinos que residem na faixa de Gaza, muitos em tendas e barracas, intensifica-se. A pergunta que surge é: por que a reconstrução ainda não começou?

De acordo com o acordo elaborado por Donald Trump e aceito pelo Hamas, as obras de reconstrução só terão início após a devolução de todos os reféns e a retirada das armas pelo grupo islâmico, que também precisará perder o controle do território. Até agora, quase 20 dias após a assinatura do compromisso, nenhuma dessas condições foi cumprida.

Países como Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita reiteram diariamente que não oferecerão apoio financeiro ou logístico até que o Hamas transfira o poder. Sem essa mudança, Israel poderá retomar suas ações militares para dissuadir o grupo, caso necessário. A expectativa da ONU é que cerca de 70 bilhões de dólares sejam necessários para a reconstrução do território, com os países do Golfo Árabe contribuindo com uma fatia significativa desse montante.

Por outro lado, a estabilidade na região depende da entrega do poder pelo Hamas, uma decisão que ainda não ocorreu, gerando incertezas sobre o futuro da paz e da reconstrução. Ainda assim, a situação dos residentes de Gaza, que enfrentam dificuldades extremas, permanece sob o foco das atenções internacionais.

Questiona-se também a opinião dos próprios habitantes de Gaza, que carregam um alto custo por causa das ações do Hamas. Uma pesquisa realizada entre 4 e 8 de setembro pelo Centro de Mídia e Comunicação de Jerusalém (JMCC), fundado por jornalistas e acadêmicos palestinos, revela que 44,2% deles preferem que o controle continue sob o comando do grupo extremista. Tal dado indica que, para uma parte significativa da população local, a ideologia do Hamas ainda prevalece sobre as questões de liberdade e paz, refletindo um conflito interno de valores e interesses.