Nos próximos dez dias, o Brasil será atingido por duas massas de ar polar em sequência, resultando em uma queda acentuada nas temperaturas durante o final de outubro e início de novembro. Segundo informações da MetSul Meteorologia, esses eventos meteorológicos trarão temperaturas inferiores às médias habituais para o período.
Este fenômeno ocorre em um contexto incomum para a estação, pois a primavera de 2025 tem se destacado por incursões de ar polar e temperaturas atípicas, muitas vezes não vistas há mais de uma década em várias regiões do país.
Durante a última semana, diversas cidades brasileiras registraram recordes de temperaturas para o mês. Em São Paulo, a mínima de 10,8°C no Mirante de Santana, registrada em 21 de outubro, foi a mais baixa para o mês desde 2014, quando os termômetros marcaram 10,7°C. Em outras áreas da capital paulista, os registros chegaram a 7,6°C.
Em Minas Gerais, a estação do Instituto Nacional de Meteorologia em Belo Horizonte marcou 9,1°C na mesma data, sendo a menor temperatura para o período desde 2014, quando os termômetros chegaram a 8,1°C. O Sul de Minas também enfrentou geadas por vários dias consecutivos.
No Sudeste, a massa de ar polar foi tão intensa que atingiu regiões elevadas, como o Parque Nacional do Itatiaia, no Rio de Janeiro, onde a temperatura chegou a -5,2°C em 21 de outubro, mesmo em altitudes superiores a 2.500 metros.
Na capital fluminense, o frio atingiu 12,1°C em Jacarepaguá, o menor valor para o mês em mais de uma década.
Já na região Sul, pontos de elevada altitude e áreas próximas à fronteira com o Uruguai apresentaram temperaturas negativas em pleno outubro. Em Cambará do Sul, no Rio Grande do Sul, os termômetros marcaram 0,6°C abaixo de zero no dia 8, marcando a 57ª ocorrência de temperaturas negativas no estado em 2025.
No mesmo dia, Porto Alegre registrou 8,2°C na estação do Jardim Botânico — a menor mínima de outubro desde 2015, quando os termômetros chegaram a 7,4°C durante a primavera marcada pelo forte fenômeno do El Niño.
A partir desta semana, a primeira onda de ar frio terá efeito imediato, principalmente na região Sul, provocando uma redução gradual nas temperaturas entre segunda (27) e terça-feira (28).
A presença de uma frente semi-estacionária entre o Sul e o Sudeste favorecerá a persistência de instabilidade e temperaturas mais amenas, impedindo que os termômetros caiam tanto quanto nas ondas anteriores. A maior queda acontecerá na Campanha, na Serra do Sudeste, além dos Campos de Cima da Serra.
Durante toda a semana, a combinação de chuva contínua e o avanço do ar frio manterá as condições típicas de inverno em Curitiba, mesmo na primavera. As máximas ficarão abaixo da média esperada para a época, com o dia 29 de outubro apresentando os registros mais baixos, variando entre 12°C e 13°C à tarde.
Em São Paulo, a mesma frente provocará dias nublados, com precipitações e temperaturas significativamente abaixo do normal na faixa vespertina, de terça (28) até sábado (1).
No Rio de Janeiro, o resfriamento será mais perceptível na segunda metade da semana, acompanhado de muitas nuvens, chuva e temperaturas inferiores às habituais em outubro.
De acordo com a MetSul, uma nova massa de ar polar deve avançar pelo Sul entre os dias 4 e 5 de novembro, trazendo um novo episódio de temperaturas abaixo da média. Os efeitos desse segundo evento serão mais fortes no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, enquanto no Sudeste, as influências serão mais moderadas e próximas ao litoral.
Apesar de incursões de ar frio em novembro serem menos frequentes e geralmente menos intensas, especialistas alertam que essa nova onda pode ser mais seca e ocasionar mínimas significativamente abaixo do padrão mensal, reforçando a tendência de frio intenso na temporada.