Eduardo Appio, juiz federal conhecido por suas críticas severas à Operação Lava Jato e por levantar suspeitas sobre as ações de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, encontra-se sob investigação após ser acusado de tentar furtar três garrafas de champagne France Moët & Chandon em um estabelecimento comercial de Blumenau, Santa Catarina.
Conforme informações obtidas, câmeras de segurança do supermercado captaram o momento, no qual Appio teria sido flagrado numa tentativa de subtrair as bebidas, cujo valor pode chegar a R$ 1.500. Em resposta à notícia, o magistrado declarou ao Estadão: “Não tenho conhecimento de nada. Meu advogado irá esclarecer este mal-entendido.”
O procedimento investigativo está sendo conduzido pela Corregedoria do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), localizado em Porto Alegre.
O incidente ocorreu na quarta-feira (22), e a Polícia Civil de Santa Catarina já foi acionada, tendo enviado um relatório oficial ao tribunal na quinta-feira (23). As investigações permanecem sob sigilo, dado que envolvem um magistrado, e detalhes adicionais devem ser preservados.
Este episódio ocorre em um momento de maior atenção às ações de Appio, que ganhou notoriedade ao substituir Sérgio Moro na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, responsável por processos relacionados à Lava Jato.
Moro, que atualmente é senador, deixou a vaga após sua atuação, que culminou na prisão de diversos políticos e empresários ligados ao esquema de corrupção na Petrobras entre 2003 e 2014. Appio, por sua vez, herdou remanescentes das ações da operação que ainda estavam em andamento no tribunal.
O juiz já manifestou críticas contundentes aos métodos usados pela força-tarefa, incluindo o ex-juiz Sérgio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol.
Ele escreveu o livro “Tudo por dinheiro: a ganância da Lava Jato”, no qual relata seu ponto de vista sobre os bastidores da operação. Segundo ele, “os lavajatistas operam no TRF da 4ª Região como uma verdadeira rede, quase uma organização criminosa”.
No livro, Appio também revela dificuldades na administração de processos e acusa Moro de politizar o Judiciário, dedicando um capítulo inteiro ao tema, sob o título “Como Moro politizou o Judiciário”.
Na obra, o magistrado relembra que, ao assumir sua posição na 13ª Vara de Curitiba, encontrou-se perdido na quantidade de processos, chegando a afirmar que Moro foi “o pior gestor que conheci”, por ter criado um sistema confuso e desorganizado, aparentemente com interesses pessoais em mente.
Questionado pelo Estadão sobre as críticas de Appio, Moro reagiu dizendo que a opinião do magistrado “não possui credibilidade” e que ele apresenta um “comportamento extravagante, que revela uma falta de caráter e desequilíbrio mental”.