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Acidente
22/10/2025 08:00:00

Aumento na Presença do Skunk no Brasil: Uma Droga Mais Potente e Perigosa

Especialistas alertam para os riscos de dependência e efeitos mais intensos do que a maconha comum

Aumento na Presença do Skunk no Brasil: Uma Droga Mais Potente e Perigosa

Nos últimos anos, o uso do skunk, uma variação altamente potente da maconha, tem se tornado cada vez mais frequente nas operações de apreensão em todo o território nacional. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública indicam que, no ano passado, foram confiscadas mais de 480 toneladas de maconha e derivados, um crescimento de 16% em relação a 2023.

O que chama atenção é a aparição cada vez maior dessa versão mais forte da droga.

O skunk passa por processos mais avançados de produção, tornando-se menos rastreável e mais difícil de controlar. Diferente da maconha comum, que é cultivada de forma tradicional, essa variedade recebe fertilizantes especiais e manipulação genética, elevando significativamente seu potencial alucinógeno. De acordo com o toxicologista Glayson Leonardo Bispo, que atua em um laboratório em Sorocaba, interior de São Paulo, a substância responsável pelos efeitos é o THC, ou tetrahidrocanabinol.

"A Cannabis sativa, espécie de maconha que conhecemos, possui uma concentração de THC entre 2% e 5%, além de canabidiol. Já o skunk é uma planta geneticamente modificada, resultante de cruzamentos com outras variedades, apresentando níveis mais elevados de THC," explica. O impacto no usuário é consideravelmente mais forte.

Ao contrário da maconha tradicional, que provoca sensações de euforia e alterações na percepção espacial e temporal, o skunk pode desencadear psicoses, paranoias e um risco maior de dependência.

O aumento das atividades de combate ao tráfico, incluindo operações de apreensão, reflete essa crescente entrada do skunk nas ruas. Segundo o responsável pelo Departamento de Investigações sobre Entorpecentes de São Paulo, tanto o consumo quanto as ações policiais relacionadas à maconha têm registrado crescimento expressivo em nível nacional.

Ele aponta o Nordeste, especialmente Pernambuco e Bahia, como principais regiões produtoras do derivado. Na última semana, uma apreensão chamou atenção: um motorista de caminhão foi detido na rodovia Fernão Dias, que conecta São Paulo a Minas Gerais, com 138 quilos de skunk.

A polícia confirmou que a droga, que veio da Bahia, estava sendo monitorada antes da prisão na zona Norte da capital paulista. Em agosto, agentes localizaram quase meia tonelada de skunk escondida em Belém, dentro de uma carga de amortecedores oriunda de Manaus. Além disso, nesta segunda-feira (20), 138 quilos da substância foram encontrados em um bairro de Macapá, parte enterrada e parte escondida em outros locais.

As investigações indicam que a droga veio da região de Cauca, na Colômbia. Ainda na operação, autoridades também apreenderam um suporte de metralhadora .50, um fuzil e munições, que seriam de propriedade de uma facção criminosa.

O delegado responsável explicou que o motivo do interesse dos traficantes é simples: o skunk, por ser mais caro — mais de dez vezes o valor da maconha —, oferece maior lucro por volume menor, tornando-se uma escolha preferencial para o tráfico.