19/10/2025 06:40:00

Acidente
18/10/2025 20:00:00

Investigações apontam pagamento suspeito a herdeira de ministro do STJ em esquema de influência judicial

Polícia Federal revela conexão entre filha de magistrado e suposto esquema de compra de decisões, com valores que ultrapassam R$ 1 milhão

Investigações apontam pagamento suspeito a herdeira de ministro do STJ em esquema de influência judicial

As autoridades da Polícia Federal estão investigando sinais de que a filha de um magistrado do Superior Tribunal de Justiça (STJ) teria recebido mais de R$ 1 milhão através de um alegado esquema de corrupção voltado à venda de sentenças judiciais. Este caso se tornou uma das prioridades da apuração que envolve a segunda instância mais importante do Brasil.

O procedimento investigativo aponta Andreson de Oliveira Gonçalves, que atualmente cumpre medidas de prisão domiciliar, como o intermediário entre empresários e funcionários ligados às salas de trabalho de ministros e desembargadores do tribunal. A Polícia Federal considera Andreson uma peça central do esquema, encarregado de realizar contatos e repassar valores ilícitos.

As investigações tiveram início após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido em 2023, durante uma emboscada no estado de Mato Grosso. Zampieri teria uma parceria com Andreson nas negociações ilícitas. Uma análise detalhada dos celulares de ambos revelou mais de 3.500 mensagens trocadas, incluindo ameaças, tentativas de extorsão e discussões sobre pagamentos relacionados a decisões judiciais favoráveis.

Suspeita-se que ex-funcionários de gabinetes de ministros como Og Fernandes, Paulo Moura Ribeiro, Nancy Andrighi e Isabel Gallotti recebiam montantes em troca de informações internas e rascunhos de sentenças. Essas informações seriam utilizadas por lobistas para influenciar resultados de processos que interessam a determinados empresários.

Novo material obtido na investigação trouxe menções a pagamentos feitos a Catarina Buzzi, filha do ministro Marco Buzzi. Uma foto recuperada do telefone de Andreson mostra uma conversa na qual um indivíduo chamado Carlos Chaves afirma ter transferido R$ 1,2 milhão para Catarina e outra advogada, embora reclame que a "promessa de emprego não foi cumprida" e exija a devolução do dinheiro.

Essas informações estão contidas em um relatório confidencial, atualmente sob análise do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A defesa de Catarina Buzzi declarou que a menção ao nome dela é "infundada e maliciosa". Os advogados negam qualquer relação com Chaves ou Andreson e afirmam que ela nunca recebeu valores de pessoas ligadas ao caso. O ministro Marco Buzzi também afirmou que "não acompanha as relações comerciais da filha ou de qualquer outro advogado".

Segundo o repórter Caiã Messina, que acompanha as investigações em Brasília, os cinco ministros citados — Og Fernandes, Paulo Moura Ribeiro, Nancy Andrighi, Isabel Gallotti e Marco Buzzi — foram apenas mencionados nos documentos e ainda não estão sendo formalmente investigados pela Polícia Federal. Contudo, o STF foi informado de que há uma necessidade de apurar as ligações envolvendo Catarina Buzzi.

A investigação que investiga o esquema de venda de decisões judiciais deu origem a uma operação da Polícia Federal realizada neste ano.

A defesa de Catarina Buzzi reforçou que ela nunca atuou em processos relacionados à empresa Fource, de Andreson de Oliveira, nem com Roberto Zampieri ou Carlos Chaves. Além disso, afirmou que ela não é alvo de qualquer inquérito no STF ou em outros órgãos judiciais, condenando veementemente o uso de informações obtidas ilegalmente através de investigações sigilosas.