Na quinta-feira (16), a maioria dos membros da comissão decidiu bloquear a solicitação de convocação de José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na CPMI do INSS.
Apesar de exercer o cargo de vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindinapi), ele não está incluído na lista de investigados relacionados à operação policial denominada Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal por suspeitas de descontos ilegais em benefícios de aposentados.
A proposta de convocar Frei Chico tinha sido formalizada por onze requerimentos diferentes, incluindo uma iniciativa do relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL). Antes da sessão, o parlamentar solicitou a prisão preventiva de Milton Baptista de Souza, conhecido como Milton Cavalo, presidente do sindicato, que também está sob investigação.
Gaspar havia anunciado essa intenção uma semana antes, após o depoimento do dirigente na CPMI, o qual permaneceu silencioso. Ele justificou a proposta afirmando que dados obtidos pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela própria CPMI indicaram que o sindicato teria desviado recursos dos aposentados, usando força financeira indevida.
“O que importa é que as provas demonstram que o sindicato manipulou os recursos do beneficiário, e não podemos permitir que essa conduta continue impune. Assim como pedimos a prisão de outros envolvidos, também pretendo solicitar a preventiva de Milton Cavalo e de diversos outros membros do Sindinapi”, declarou.
Desde o início das investigações, Frei Chico tem sido alvo de atenção na CPMI. Contudo, um acordo interno entre os parlamentares protegia sua participação, limitando as convocações às lideranças mais elevadas das organizações sindicalizadas e associações investigadas, salvo a existência de evidências concretas que justifiquem a convocação de membros de níveis inferiores. De acordo com Alfredo Gaspar, ouvir Frei Chico como dirigente é fundamental para esclarecer como o sindicato atingiu tal crescimento e se havia fiscalização nos contratos celebrados. Na semana passada, ao questionar Milton Cavalo, Gaspar sugeriu que sua postura de silêncio poderia justificar a convocação de Frei Chico na CPMI, o que gerou resistência por parte de deputados governistas.
O dirigente, então, respondeu ao deputado do PT, Paulo Pimenta (RS), esclarecendo que sua atuação no sindicato era de caráter estritamente político, sem envolvimento direto na administração do sindicato, e negou ter qualquer influência sobre decisões governamentais. Segundo ele,
“Apesar do aconselhamento de meu advogado, quero esclarecer que nunca exerci função administrativa no sindicato, apenas represento os interesses políticos e sindicais. Não solicitei, em momento algum, suporte ou intervenção do governo”, concluiu.