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Mundo
13/10/2025 18:00:00

Conflitos na fronteira entre Paquistão e Afeganistão se intensificam com perdas significativas

Fechamento de fronteira e acusações cruzadas aumentam a tensão entre os dois países vizinhos

Conflitos na fronteira entre Paquistão e Afeganistão se intensificam com perdas significativas

Incidentes violentos na linha de demarcação entre o Paquistão e o Afeganistão culminaram na morte de dezenas de combatentes durante ações noturnas, marcando o episódio mais grave de hostilidades entre os dois países desde a tomada do poder pelo Talibã em Cabul.

As autoridades paquistanesas relataram que 23 de seus soldados foram vítimas dos confrontos, enquanto o movimento talibã afirmou que nove de seus combatentes perderam a vida. Ambas as partes alegaram ter infligido perdas ainda maiores ao inimigo, com o Paquistão afirmando ter eliminado mais de 200 combatentes do Talibã afegão, e o Afeganistão declarando que matou 58 soldados paquistaneses.

Além disso, o governo do Paquistão anunciou o fechamento de todas as passagens ao longo de sua extensa fronteira de 2,6 mil quilômetros com o Afeganistão, uma linha traçada pelos britânicos em 1893 que permanece uma área de disputa até os dias atuais. O aumento da tensão ocorreu após acusação do Paquistão de que o país vizinho estaria apoiando e protegendo militantes do Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), considerado um reduto do Talibã dentro do território afegão.

Na última sexta-feira, o grupo reivindicou uma série de ataques que resultaram na morte de pelo menos 20 agentes de segurança paquistaneses e três civis. O governo do Afeganistão, que assumiu o controle em 2021, nega a presença de militantes paquistaneses em seu território e acusa Islamabad de violar seu espaço aéreo. Apesar dos ataques aéreos recentes que atingiram Cabul e um mercado no leste do país, o Paquistão não reconheceu oficialmente a ofensiva. Paralelamente, uma visita pouco comum do ministro das Relações Exteriores do Afeganistão, Amir Khan Muttaqi, à Índia resultou na promessa de fortalecer os vínculos diplomáticos, gerando preocupação em Islamabad devido à histórica rivalidade entre os dois países.

Como retaliação, forças afegãs abriram fogo contra postos de fronteira paquistaneses na noite de sábado. Em resposta, as tropas do Paquistão empregaram armamentos pesados, incluindo artilharia, tanques, aeronaves militares e drones. Ambos os lados alegaram ter destruído instalações fronteiriças do adversário, embora a maior parte dos confrontos tenha cessado na manhã de domingo, mantendo tiroteios ocasionais na região de Kurram, na parte paquistanesa. Cabul afirmou que interrompeu os ataques a pedido de Catar e Arábia Saudita, que emitiram declarações expressando preocupação com o aumento da violência. Zabihullah Mujahid, porta-voz do governo talibã, garantiu que nenhuma ameaça persiste em território afegão e que o país continuará a defender sua integridade.

O ministro do Interior do Paquistão, Mohsin Naqvi, condenou as ações do Afeganistão, qualificando-as como violações legais internacionais, e declarou que as forças do país responderão de forma firme e rápida a qualquer provocação. Especialistas de segurança alertam para o risco de escalada, com o analista paquistanês Imtiaz Gul destacando a incapacidade do Talibã de tomar medidas decisivas contra o TTP, o que tem levado a uma crescente frustração no governo do Paquistão.

Omar Samad, especialista em assuntos afegãos, advertiu que a hostilidade entre os dois governos pode evoluir para uma confrontação mais ampla, com ações militares além do que já ocorreu, provocando danos irreparáveis às relações diplomáticas. Nos últimos dois anos, tensões entre o establishment militar do Paquistão e o regime afegão têm aumentado devido a erros administrativos e má gestão, agravando ainda mais a situação na região.