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11/10/2025 11:00:00

Detecção Precoce do Alzheimer em Jovens: O Papel da Vigilância e de Tratamentos Ágeis

Especialista alerta que sinais em adultos abaixo de 65 anos podem ser confundidos com estresse, o que pode atrasar o diagnóstico e a intervenção adequados

Detecção Precoce do Alzheimer em Jovens: O Papel da Vigilância e de Tratamentos Ágeis

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 55 milhões de indivíduos convivem com algum tipo de demência, sendo o Alzheimer a forma mais comum, representando aproximadamente 70% dos casos ao redor do planeta. Com o aumento da população idosa, as projeções se tornam cada vez mais preocupantes: a Alzheimer’s Disease International estima que, até 2030, o número de afetados possa atingir 74,7 milhões, chegando a mais de 131,5 milhões até 2050.

No Brasil, informações do Ministério da Saúde indicam que aproximadamente 1,2 milhão de cidadãos vivem com Alzheimer, com cerca de 100 mil diagnósticos novos a cada 12 meses. Uma parcela que exige atenção especial é composta por jovens que desenvolvem a doença antes de completar 65 anos.

De acordo com a neurologista Bianca Mazzoni, docente do Centro Universitário UniBH, integrante do Ecossistema Ânima, o Alzheimer de início precoce pode surgir entre os 30 e 65 anos, sendo mais frequente à medida que o indivíduo se aproxima da faixa etária de 65. Ela explica que a incidência em adultos de 45 a 64 anos é de aproximadamente 6,3 casos por 100 mil pessoas ao ano, e a prevalência chega a 24,2 por 100 mil, o que indica que essa condição não é comum, mas precisa de atenção.

A especialista destaca que o Alzheimer de início precoce apresenta alterações cognitivas diferentes das observadas em idosos, afetando frequentemente áreas como a linguagem, o comportamento e a capacidade de realizar tarefas complexas. Ela acrescenta que alguns pacientes podem também manifestar sintomas motores, como mioclonias — contrações musculares rápidas e involuntárias — e até crises epilépticas. Além disso, o avanço da doença costuma ser acelerado, levando a uma dependência maior e, muitas vezes, ao óbito.

A influência genética desempenha papel importante no diagnóstico: cerca de 10% dos jovens afetados possuem mutações em genes específicos, relacionados à forma hereditária autossômica dominante do Alzheimer. Bianca esclarece que, em pacientes mais jovens, a influência do fator genético costuma ser mais evidente do que naqueles com idade avançada, cujos fatores ambientais também contribuem.

Sinais iniciais em adultos jovens podem incluir dificuldades na fala, como problemas ao nomear objetos ou ao formar frases, alterações de comportamento, dificuldades na realização de tarefas simples e déficits na memória, principalmente na formação de novas lembranças. Mudanças atípicas, como movimentos involuntários ou dificuldades motoras, também podem surgir. A especialista enfatiza a importância de diferenciar esquecimentos comuns, muitas vezes ocasionados por distrações ou excesso de estímulos diários, de sinais que exigem avaliação médica, especialmente quando familiares ou colegas percebem alterações.

Para confirmar o diagnóstico, é necessário descartar causas reversíveis e condições que possam mascarar o Alzheimer, como deficiências vitamínicas, problemas metabólicos, infecções — como sífilis ou HIV — e doenças estruturais ou inflamatórias no cérebro. Exames de imagem, em especial a ressonância magnética, juntamente com análises laboratoriais, são essenciais para uma confirmação precisa. Para casos específicos, recursos avançados, incluindo PET para análise de proteína TAU, exames de biomarcadores no líquor, como beta-amiloide e proteína TAU, e testes genéticos, podem auxiliar na validação e no aconselhamento familiar.

O tratamento envolve medicamentos que proporcionam melhorias temporárias nos sintomas cognitivos, como inibidores da acetilcolinesterase e a memantina. Além disso, estratégias para gerenciar alterações comportamentais e depressão também fazem parte do cuidado. Bianca afirma que o acompanhamento multidisciplinar é imprescindível, envolvendo fisioterapia, terapia fonoaudiológica, terapia ocupacional e suporte psicológico tanto para os pacientes quanto para os familiares.

Por fim, a especialista reforça que, embora a hereditariedade seja o fator principal na ocorrência do Alzheimer precoce, ações preventivas podem reduzir os riscos. Controlar fatores cardiovasculares, praticar exercícios físicos regularmente e manter acompanhamento contínuo de saúde são medidas que, de acordo com estudos, têm maior eficácia do que medicamentos. Evitar hipertensão, diabetes descontrolado e manter hábitos de vida saudáveis aparecem como estratégias essenciais na prevenção, sendo a atividade física, com respaldo científico, considerada a intervenção mais eficaz nesse aspecto.