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Guerra
12/10/2025 13:00:00

Perspectivas e obstáculos no acordo de paz entre Israel e Hamas

Negociações enfrentam desafios relacionados ao desarmamento, retirada de tropas e futura governança de Gaza

Perspectivas e obstáculos no acordo de paz entre Israel e Hamas

O futuro do tratado de paz entre Israel e Hamas permanece incerto, com diversas questões críticas ainda sem resolução definitiva.

A fase atual contempla um cessar-fogo que resultou na volta de aproximadamente meio milhão de residentes palestinos à Cidade de Gaza, onde deparam com cenas de destruição após dois anos de conflito. Uma reunião no Egito, com a presença do presidente Donald Trump, foi agendada para monitorar a implementação do acordo, que promete cumprir suas obrigações.

Porém, a relação delicada entre as partes sugere que muitos dos pontos essenciais ainda poderão sofrer impasses, aguardando uma segunda rodada de negociações. Entre as principais demandas israelenses está a exigência de que o Hamas desmonte seu arsenal e permita a retirada completa de suas forças de Gaza.

Além disso, Israel rejeita qualquer formação de um governo pós-conflito na região que seja controlado pelo Hamas ou pela Autoridade Palestina, que administra a Cisjordânia. O Hamas, por sua vez, insiste que Israel retire todas as tropas e não reconsidere seus ataques.

Hossam Badran, integrante do escritório político do Hamas, reforçou que a nova rodada de diálogos será marcada por complexidade, devido à ausência de consenso em pontos considerados críticos. Caso haja obstáculos na resolução dessas questões, o acordo corre risco de ser desfeito, possivelmente levando Israel a retomar suas ações militares contra o Hamas, o que dificultaria esforços de reconstrução de Gaza.

Segundo informações da AFP, Badran declarou que o Hamas está preparado para responder caso Israel retome hostilidades, afirmando: “Esperamos não retornar à guerra, mas nosso povo e nossas forças de resistência certamente usarão toda sua capacidade para repelir qualquer agressão”.

O segundo dia de cessar-fogo foi marcado pelo retorno de cerca de 500 mil palestinos à Cidade de Gaza, que agora enfrenta uma situação de devastação após anos de combate. Uma reunião no Egito, com a presença de Trump, também foi marcada para acompanhar a implementação do pacto de paz.

Nesse momento, as duas partes manifestaram comprometimento em cumprir suas promessas. Israel anunciou que suas tropas já recuaram para posições internas ao território palestino, retirando-se de áreas como Gaza e Khan Younis, e autorizou a entrada de ajuda humanitária pela ONU a partir de domingo. Contudo, uma das maiores divergências permanece na questão do desarmamento do Hamas, que relata resistência ao entregar seu arsenal, alegando que mantém o direito de resistir até que a ocupação israelense cesse.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou repetidamente que sua campanha só terminará após a desativação completa das capacidades militares do Hamas. Apesar de sinais de que o Hamas poderia concordar em uma “desativação” de armas ofensivas, entregando-as a um comitê palestino-egípcio, um representante do grupo declarou à AFP que o desarmamento é “fora de questão e não negociável”. Trump indicou que o tema das armas será tratado em momento posterior.

Outro ponto importante envolve a retirada das tropas israelenses de Gaza. Em negociações passadas, o Hamas exigia a libertação de seus reféns apenas após a retirada total das forças israelenses.

A proposta de Trump incluía uma força internacional liderada por países árabes, que atuaria ao lado de policiais treinados por Egito e Jordânia, com a retirada israelense acontecendo conforme essas forças fossem implantadas. Ainda não há definição de quanto tempo esse processo demandará. O governo de Israel mantém uma zona de segurança restrita dentro de Gaza e deseja preservar o controle do corredor de fronteira de Filadélfia, na fronteira com o Egito.

O futuro de Gaza também depende de um governo internacional. Israel insiste que a região permaneça sob influência distinta do Hamas, rejeitando a ideia de que a Autoridade Palestina assuma o controle, para evitar a criação de um estado palestino independente. Trump propôs que uma entidade internacional supervisione a administração do território, direcionando a reconstrução, inicialmente sugerindo Tony Blair como líder dessa entidade, proposta rejeitada pelo Hamas.

O grupo palestino, que governa Gaza desde 2007, só aceita transferir a administração a um grupo de tecnocratas locais, rejeitando a ideia de expulsar seus membros da região, considerando essa sugestão absurda e sem sentido, conforme declarou Hossam Badran. Se as negociações não resultarem em um acordo completo, Gaza poderá ficar em um estado de limbo, com a presença de tropas israelenses e a atuação contínua do Hamas.

Isso significa que Israel poderá dificultar a reconstrução, deixando a população dependente de acampamentos ou abrigos precários, enquanto muitos temem uma retomada de ataques como justificativa para futuras ações militares. Netanyahu declarou que pretende manter o controle de segurança de Gaza a longo prazo, incluindo a ocupação do território e o deslocamento da população para outros países da região.

O conflito foi iniciado por uma invasão de militantes liderados pelo Hamas, em 7 de outubro de 2023, resultando na morte de aproximadamente 1.200 civis israelenses e no seqüestro de 251 reféns. Desde então, Gaza registra mais de 60 mil mortes em dois anos de ataques, de acordo com dados do grupo radical palestino.