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Maceió
11/10/2025 21:00:00

Debate público avalia o futuro do centro de Maceió e suas áreas adjacentes

Discussões abrangentes envolvem propostas da administração municipal e dados sobre moradia, emprego, segurança e infraestrutura

Debate público avalia o futuro do centro de Maceió e suas áreas adjacentes

Na sexta-feira (10), uma audiência pública promovida na Câmara Municipal de Maceió promoveu um amplo intercâmbio de ideias acerca das consequências e possibilidades relacionadas à implementação do novo Complexo Administrativo na região central da cidade.

Durante o encontro, organizado pelo vereador Allan Pierre, representantes da prefeitura, órgãos de fiscalização e entidades locais tiveram a oportunidade de discutir o impacto do projeto, buscando estabelecer um diálogo contínuo entre o Executivo municipal e os setores interessados.

A intenção foi aprofundar o entendimento e receber sugestões que possam orientar o desenvolvimento do centro. “O objetivo principal é entender as propostas da administração para o Centro. Acreditamos que esse complexo pode revitalizar a área, servindo como um catalisador para o crescimento econômico, cultural e histórico do bairro. Minha preocupação é compreender os efeitos da transformação, incluindo a parte econômica, cultural, gastronômica e histórica”, destacou Pierre. Chico Filho, presidente da Casa, afirmou que o encontro serve como uma plataforma para explorar possibilidades e acompanhar o progresso dos trabalhos de revitalização.

Ele mencionou a tendência global das cidades de retomarem a movimentação em seus centros urbanos, embora tenha reconhecido que há resistências e desafios no processo de adaptação. “O nosso plano diretor já permite a reocupação de edifícios desocupados, e o prefeito está prestes a lançar um projeto de estímulo à moradia no Centro.

O sistema de transporte BRT também será um marco, mas não podemos ignorar o problema que a Braskem trouxe: atualmente, existem apenas duas vias que conectam a parte baixa à parte alta da cidade. Portanto, cabe a nós, vereadores, promover estratégias para facilitar a criação de mais moradias”, afirmou.

Participaram ainda os vereadores Neto Andrade, Kelmann Vieira, Samyr Malta, Silvania Barbosa, Jeannyne Beltrão e Teca Nelma. Segundo Antonio Carvalho, secretário-presidente do Instituto de Pesquisa, Planejamento, Licenciamento Urbano e Ambiental (Iplam), um estudo técnico revelou a presença de mais de 210 imóveis abandonados ou subutilizados na região, além de uma desvalorização imobiliária superior a 40%.

Ele explicou que o Centro vem perdendo sua vitalidade e fluxo de pessoas, e que a prefeitura busca soluções abrangentes, envolvendo habitação, cultura, turismo, lazer e uso institucional, além de fomentar o comércio local. “Estamos iniciando uma transformação sistêmica e sustentável, visando converter imóveis subutilizados em moradias de interesse social, reconquistar a vida noturna do Centro e garantir maior segurança nas ruas”, disse Carvalho.

As propostas da prefeitura também incluem recursos para videomonitoramento das ruas e uma reorganização do transporte público na área. Dados do setor produtivo indicam que cerca de 40 mil pessoas circulam diariamente pelo centro, número que supera a soma dos três maiores shoppings centers da capital. Entretanto, 80% dos trabalhadores residem na parte alta da cidade. O centro econômico de Maceió emprega quase 30 mil pessoas, ficando atrás apenas do setor público. Contudo, o Sebrae aponta que a taxa de fechamento de empresas na região atinge 33%, sendo majoritariamente micro e pequenas empresas, com uma média de três funcionários por estabelecimento.

“Minha esperança é que a realidade do Centro seja transformada, pois isso representará um grande legado da atual gestão para Maceió. A região responde por 14% do PIB da cidade e é a fonte de sustento de muitos moradores”, declarou Marcos Tavares, vice-presidente da Associação Comercial.

O deputado estadual Alexandre Ayres ressaltou a necessidade de planejar as mudanças de forma integrada com a Região Metropolitana, considerando a migração de parte da população para os municípios vizinhos, consequência do afundamento do solo causado pela atividade mineradora. A audiência contou com a participação de representantes do Ministério Público Estadual, Ademi, Creci, Associação Comercial, Conselho de Arquitetura e Urbanismo, Sebrae, Fecomércio, Ufal e órgãos da sociedade civil.