De acordo com a mais recente edição da Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis) de 2024, publicada nesta segunda-feira (6) pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), professores no Brasil gastam cerca de 21% do período de aula controlando comportamentos e garantindo a ordem nas salas de aula.
Esse percentual corresponde a uma hora de cada cinco horas de aula dedicada à disciplina, reduzindo o tempo efetivo de ensino. O estudo, que compara a educação de 53 países através de entrevistas com docentes e dirigentes escolares, revela que essa proporção é maior do que a média dos países-membros da OCDE, que é de 15%.
Entre 2018 e 2024, o índice de tempo perdido com questões disciplinares aumentou em 2 pontos percentuais tanto no Brasil quanto na média das nações da OCDE. Além disso, a pesquisa aponta que 44% dos professores brasileiros afirmam frequentemente serem interrompidos por seus estudantes, uma taxa mais que duas vezes maior que os 18% médios observados na organização.
Quanto ao nível de estresse relacionado às atividades diárias, 21% dos docentes brasileiros consideram sua rotina altamente estressante, enquanto na OCDE a média é de 19%. O número de professores brasileiros relatando esse sentimento cresceu sete pontos percentuais desde 2018.
Os efeitos da profissão na saúde mental e física dos educadores também apresentaram diferenças significativas. Um em cada seis professores brasileiros (16%) relatou que sua saúde mental sofre impactos negativos, enquanto a média de outros países é de apenas 10%. Quanto à saúde física, 12% dos docentes nacionais indicam que a docência afeta seu bem-estar físico, ante uma média de 8% na OCDE.
O estudo também evidencia a baixa valorização dos profissionais da educação no país. Apenas 14% dos professores brasileiros acreditam ser reconhecidos pela sociedade, um aumento de 3 pontos percentuais desde 2018, porém ainda abaixo dos 22% da média da OCDE. O mesmo percentual de 14% considera que suas atuações são valorizadas nas políticas públicas, um avanço de 8 pontos em relação ao último levantamento, embora a média das nações da organização seja de 16%.
Apesar de alguns desafios, a maioria dos professores brasileiros — 87% — declara estar satisfeita com sua atuação profissional, índice semelhante ao registrado em 2018 e próximo ao padrão da OCDE, de 89%. Mais da metade deles, 58%, indicam que a carreira docente foi sua primeira opção, uma porcentagem semelhante à observada na OCDE e que permanece estável desde o último estudo.
Realizada entre junho e julho de 2024, a quarta edição da Talis no Brasil contou com a coordenação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em parceria com as secretarias de educação de todas as 27 unidades federativas.