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Violência
06/10/2025 02:00:00

Análise revela os Estados com os maiores índices de violência no Brasil e o destaque do Nordeste

Dados de três estudos apontam que mais de 40% dos homicídios no país ocorrem em regiões nordestinas e norte-americanas

Análise revela os Estados com os maiores índices de violência no Brasil e o destaque do Nordeste

De acordo com uma compilação de indicadores, os estados situados nas regiões Norte e Nordeste do Brasil aparecem como os mais perigosos, segundo análise de três fontes distintas apresentadas pelo Portal iG.

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, que utiliza como principal métrica as Mortes Violentas Intencionais (MVI), aponta o Amapá na frente do ranking, com a Bahia logo em seguida.

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Entre os dez estados com as maiores taxas de mortes violentas por 100 mil habitantes, nove estão nas regiões Norte e Nordeste, sendo que a única exceção é Mato Grosso, na sétima colocação, com uma taxa de 30,4 mortes por cada 100 mil residentes. Além disso, a metade dos estados mais letais também são dessas regiões.

Para uma análise mais detalhada, o iG também considerou outros dois importantes indicadores de violência: o Atlas da Violência, elaborado pelo IPEA, e o Mapa da Segurança Pública, do Ministério da Justiça, ambos atualizados. Todas as avaliações têm como base o recorte de dados por 100 mil habitantes.

Luís Flávio Sapori, professor e especialista em segurança pública na PUC-MG, explicou ao iG que esses estudos sempre utilizam a taxa de incidência de crimes para uma comparação justa entre diferentes regiões.

“Através das taxas, podemos efetivamente comparar a gravidade de um fenômeno criminoso em cidades com populações variadas, evitando distorções que poderiam ocorrer ao analisar apenas números absolutos, que sempre dependem do tamanho da população”, afirma o especialista.

Os dados de 2024 mostram uma redução nas mortes violentas, sendo que o total de vítimas do país chegou a 44.127, com o Amapá liderando o ranking, com uma taxa de 45,1 mortes por 100 mil habitantes, correspondente a 362 óbitos.

Na sequência, a Bahia teve o maior número absoluto de mortes, totalizando 6.036 registros, mas sua taxa proporcional por 100 mil habitantes ficou em 40,6, colocando o estado na segunda posição do ranking. O Rio de Janeiro, com 3.809 óbitos, aparece na 15ª colocação, com uma taxa de 22,1 por 100 mil habitantes.

Segundo Sapori, a situação na Bahia é particularmente grave, sendo considerada o estado com maior problema de violência atualmente na sociedade brasileira.

“Há um descontrole evidente na criminalidade na Bahia. O tráfico de drogas está cada vez mais organizado, com várias facções atuando em Salvador, na região metropolitana e em cidades do interior, muitas ligadas a organizações nacionais”, comenta o especialista.

Ele acrescenta que a disputa pelo mercado de drogas eleva o número de homicídios e que, infelizmente, a atuação policial, especialmente da polícia militar, tem sido ineficaz e marcada por episódios de violência.

Ranking dos estados mais violentos considerando a taxa de Mortes Violentas Intencionais (MVI):

  • Amapá – 45,1 (362 mortes)
  • Bahia – 40,6 (6.036 mortes)
  • Ceará – 37,5 (3.467 mortes)
  • Pernambuco – 36,2 (3.453 mortes)
  • Alagoas – 35,4 (1.141 mortes)
  • Maranhão – 30,4 (2.129 mortes)
  • Mato Grosso – 29,8 (1.142 mortes)
  • Pará – 29,5 (2.560 mortes)
  • Amazonas – 27,4 (1.173 mortes)
  • Rondônia – 26,1 (455 mortes)

Outros estados também apresentam números preocupantes, como o Piauí e o Tocantins, com taxas próximas de 20 mortes por 100 mil habitantes. Os estados do Sudeste, apesar de apresentarem menores taxas, ainda têm registros significativos, com destaque para São Paulo, que registra 3.751 mortes e uma taxa de 8,2 por 100 mil habitantes.

O conceito de Mortes Violentas Intencionais (MVI) abrange homicídio doloso, latrocínio, mortes decorrentes de intervenções policiais e lesões corporais seguidas de morte. Segundo o FBSP, esse é o principal indicador para avaliar a violência criminal no país.

Com uma média nacional de 20,8 mortes por 100 mil habitantes, houve uma diminuição de 5,4% nas MVIs de 2023 para 2024, totalizando 44.127 vítimas no período.

Outro estudo importante, o Atlas da Violência do Ipea, analisa especificamente o número de homicídios. Em 2023, a taxa média foi de 21,2 mortes por 100 mil habitantes, totalizando 45.747 óbitos. O Amapá liderou a lista, com uma taxa de 57,4, enquanto São Paulo apresentou a menor taxa, de 6,4.

Em 2022, nove estados tiveram aumento nas taxas de homicídio, com destaque para o Rio de Janeiro, que cresceu 13,6%, e o Amapá, com crescimento de 41,7%. No panorama nacional, houve uma redução de 2,3%, indicando uma leve melhora na situação.

O ranking dos estados mais violentos pelo número de homicídios também aponta o Amapá na liderança, seguido por estados como Bahia, Pernambuco e Amazonas. Contudo, quando avaliada a taxa per 100 mil habitantes, Ceará, Pernambuco e Alagoas aparecem na frente, com taxas superiores às de outros estados em números absolutos.

Outro foco de análise é o homicídio doloso, que, segundo o Mapa da Segurança Pública do MJSP, totalizou 35.265 mortes em 2024, uma redução de 6,33% em relação ao ano anterior. Os estados com maiores números absolutos são a Bahia, com 4.205, e Roraima, com menor quantidade de homicídios dolosos.

Regiões do país também apresentam variações nos homicídios: o Nordeste concentrou 45,8% das mortes do país, totalizando 16.022 vítimas, apesar de uma redução de 2,81%. A Norte registrou uma queda de 16,44% e o Centro-Oeste uma diminuição de 7,61%. Já no Sudeste, o número de vítimas caiu 4,17%, enquanto na Sul a redução foi de 12,43%.

Os dados de 2025 apontam que o Ceará e Pernambuco lideram em taxas de homicídio doloso, com 34,4 e 33,5 por 100 mil habitantes, respectivamente, enquanto São Paulo permanece com a menor taxa, de 5,2, apesar de ser o estado com o maior número absoluto de vítimas.

Ao compararmos os três principais índices de violência, fica claro que o Amapá mantém sua posição de estado mais perigoso, de acordo com análise do iG. Luís Flávio Sapori reforça que o homicídio é considerado o principal indicador para avaliar a escala da criminalidade, por ser menos subnotificado do que outros crimes.

Ele destaca que a redução em alguns estados decorre, em parte, de melhorias nas políticas públicas de segurança. Um exemplo citado é o Rio Grande do Sul, que, segundo ele, possui atualmente a melhor política pública do Brasil, resultado de uma gestão integrada envolvendo polícias, Ministério Público e Judiciário, com foco em inteligência e controle da letalidade policial.