Uma análise recente publicada na revista BMJ Evidence-Based Medicine aponta que não há nível seguro de ingestão alcoólica quando o tema é o desenvolvimento de demência. A pesquisa, que avaliou dados de mais de 560 mil participantes, demonstra que até doses mínimas de álcool podem prejudicar a saúde do cérebro.
Anteriormente, acreditava-se que existia um limite considerado 'seguro', abaixo do qual o consumo de bebidas alcoólicas não elevaria o risco de certas doenças. Contudo, os novos achados contradizem essa ideia, indicando que qualquer quantidade de álcool pode aumentar as chances de sofrer de demência em anos futuros.
De acordo com a especialista Anya Topiwala, vinculada à Universidade de Oxford, estudos genéticos mostram que até pequenas doses de álcool podem ter efeitos adversos. O neurologista Richard Isaacson reforça a tese de que o álcool pode causar danos cerebrais independentemente do volume consumido, com destaque especial para a variante genética APOE4, que é um fator de risco importante para Alzheimer.
Os especialistas também ressaltam que o modo de ingestão influencia nos efeitos. Consumir duas doses de álcool antes de dormir ou em jejum, por exemplo, é potencialmente mais prejudicial do que consumir pequenas quantidades ocasionalmente durante as refeições.
O estudo revelou que indivíduos que ingeriam menos de sete doses de álcool por semana apresentaram risco menor de desenvolvimento de demência comparados àqueles que consumiam mais de 40 doses semanais. Ainda assim, quem ingere três doses semanais tem 15% mais chances de desenvolver a condição do que quem bebe uma única vez na vida.
Os autores do estudo destacam que, apesar de não ser possível afirmar que o álcool seja uma causa direta da demência, há um conjunto robusto de evidências que relacionam seu consumo ao aumento do risco da doença, além de apontar que o álcool é tóxico para os neurônios.
Outro estudo com mais de 27 mil idosos sugere que o consumo excessivo de álcool pode intensificar sintomas de depressão nessa faixa etária, especialmente após a aposentadoria.
Os pesquisadores alertam, contudo, que esses resultados são observacionais e demandam investigações adicionais. Data da publicação: 19 de agosto de 2025 às 21h00, por Notícias ao Minuto.