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Saúde
30/09/2025 12:00:00

Avanço na luta contra o câncer de próstata: nova combinação terapêutica prolonga controle da doença

Estudo revela que uso conjunto de radioterapia e medicamento direcionado ao PSMA pode dobrar o período de estabilidade do câncer de próstata recorrente

Avanço na luta contra o câncer de próstata: nova combinação terapêutica prolonga controle da doença

Um estudo inovador apresentado na Conferência Anual da Sociedade Americana de Radio-Oncologia (ASTRO), realizada em São Francisco, demonstra que a associação entre a radioterapia corporal estereotáctica (SBRT) e um tratamento radioligante específico ao PSMA — uma proteína altamente concentrada em células tumorais prostáticas — pode transformar o manejo do câncer de próstata recorrente. Pesquisadores do UCLA Health Jonsson Comprehensive Cancer Center observaram que essa estratégia aumenta em duas vezes o período de controle da doença, em comparação com a radioterapia convencional isolada.

Homens submetidos à terapia com o radioligante tiveram uma média de 17,6 meses sem sinais de progresso do câncer, enquanto aqueles que receberam somente SBRT permaneceram livres da evolução por aproximadamente 7,4 meses. Esses resultados representam uma melhora significativa, já que atrasam a necessidade de iniciar a terapia hormonal, que costuma gerar efeitos colaterais como fadiga e perda óssea.

De acordo com dados epidemiológicos, o câncer de próstata figura como o segundo tipo mais comum entre a população masculina mundialmente. Somente no Brasil, em 2023, mais de 70 mil novos casos foram registrados. Em alguns casos, a doença pode retornar anos após o tratamento inicial, em uma fase conhecida como oligorecurrência, caracterizada pela presença de poucas lesões adicionais.

A técnica de SBRT já era empregada nesses contextos por sua capacidade de atingir tumores visíveis, preservando o tecido saudável ao redor. Contudo, a existência de células microscópicas não identificadas por exames de imagem frequentemente leva ao reaparecimento do câncer. Para superar essa limitação, os pesquisadores propuseram combinar a precisão da SBRT com o efeito do PNT2002, um radioligante que se liga ao PSMA, visando atacar não apenas tumores detectáveis, mas também as áreas microscópicas da doença.

O estudo de fase 2, denominado LUNAR, acompanhou 92 homens com câncer de próstata em recidiva. Os participantes foram divididos em dois grupos: um recebeu somente SBRT, enquanto o outro passou por duas doses do radioligante antes da radioterapia. O monitoramento do progresso foi realizado por exames de sangue e tomografias.

Os resultados indicaram que a combinação terapêutica reduziu em 63% o risco de avanço da doença, de necessidade de terapia hormonal ou de óbito. Essa vantagem foi consistente entre diferentes perfis de pacientes, sem aumento expressivo de efeitos adversos, o que reforça o potencial dessa abordagem.

Apesar dessas melhorias, 64% dos participantes ainda apresentaram sinais de progressão, evidenciando que as células microscópicas continuam sendo um desafio. Contudo, o estudo sugere que intervenções precoces com radioligantes podem não somente prolongar a vida, mas também abrir novas possibilidades de tratamento mais eficazes no futuro.