Queda de avião no Pantanal mata arquiteto chinês e cineastas brasileiros

Um acidente aéreo ocorrido na noite de terça-feira (23) na zona rural de Aquidauana, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, deixou quatro mortos. Entre as vítimas está o arquiteto chinês Kongjian Yu, referência mundial no urbanismo sustentável e idealizador do conceito de “cidades-esponja”.

Além dele, também morreram o documentarista Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz, o diretor de fotografia Rubens Crispim Jr. e o piloto Marcelo Pereira de Barros. A informação foi confirmada pela Olé Produções, da qual Luiz Ferraz era sócio. A equipe trabalhava em um documentário sobre o Pantanal.

O avião caiu por volta das 18h30 na Fazenda Barra Mansa, região turística localizada a cerca de 110 km de Aquidauana. O Corpo de Bombeiros foi acionado às 20h10 e, ao chegar ao local, encontrou todas as vítimas sem vida. O acidente ocorreu durante a tentativa de pouso. Por conta da distância e das dificuldades de acesso, a operação de resgate durou aproximadamente nove horas.

Kongjian Yu, de 62 anos, era considerado um dos principais urbanistas da atualidade. Formado pela Universidade Florestal de Pequim e pela Universidade de Harvard, ele ganhou destaque internacional ao criar o conceito de “cidades-esponja”, que propõe transformar áreas urbanas em espaços capazes de absorver, armazenar e reutilizar água da chuva, reduzindo enchentes e tornando as cidades mais verdes e resilientes. A proposta já foi aplicada em diversas cidades chinesas e é estudada em vários países.

Chamado de “pai das cidades-esponja”, Yu acumulava prêmios de arquitetura e sustentabilidade e defendia que a infraestrutura urbana deveria se inspirar nos processos da natureza. Professor da Universidade de Pequim, ele estava no Brasil desde o início de setembro, onde participou de conferências e esteve presente na abertura da 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, no Parque Ibirapuera.

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU-BR) lamentou sua morte. Em nota, a presidente Patrícia Sarquis Herden destacou que o arquiteto deixou “um legado de compromisso com a sustentabilidade, a paisagem e a vida urbana”.