O sistema de pagamento instantâneo do Banco Central está se preparando para uma evolução significativa ao lançar o Pix Parcelado, uma nova funcionalidade que permitirá dividir compras feitas por meio da conta-corrente.
Assim, os comerciantes terão a garantia do recebimento imediato e os clientes poderão pagar em parcelas, ampliando o alcance do método. Segundo dados do Banco Central, em maio de 2025, o Pix movimentou mais de R$ 2,8 bilhões através de 6,6 milhões de operações, consolidando sua liderança no mercado financeiro brasileiro.
Com a introdução do parcelamento, essa liderança pode se expandir ainda mais. De acordo com Murilo Rabusky, responsável pelos negócios na Lina Open X, essa inovação representa uma oportunidade singular de democratizar o acesso ao crédito. Ele destaca que mais de 60 milhões de brasileiros, que ainda não possuem cartão de crédito, utilizam o Pix diariamente. Rabusky acredita que o modelo traz maior transparência, diminui custos e oferece uma experiência de compra mais prática tanto para consumidores quanto para empresas.
O setor de cartões de crédito, que movimentou mais de R$ 4 trilhões em 2024 e tem previsão de crescimento de 10% em 2025, ainda domina o mercado global de pagamentos, impulsionado por novas tecnologias como pagamento por aproximação e integração com carteiras digitais.
No entanto, especialistas avaliam que o Pix Parcelado pode representar uma ameaça à hegemonia dos cartões tradicionais. O procedimento é simples: o cliente escolhe o número de parcelas desejadas, autoriza a operação na instituição financeira e o lojista recebe o valor total imediatamente.
Rabusky reforça que todo o processo será transparente, com informações de taxas, juros e condições apresentadas no momento da compra. Além de eliminar riscos como chargeback, em que uma transação é contestada, a nova modalidade oferece maior previsibilidade financeira para os comerciantes e facilita o acesso para aqueles que não possuem cartão de crédito, permitindo compras parceladas via contas digitais. Segmentos como clínicas, academias, escolas de idiomas e e-commerce podem se beneficiar, reduzindo o abandono de carrinhos virtuais e aumentando as taxas de conversão.
Contudo, a implementação do Pix Parcelado exige sistemas avançados de análise de crédito em tempo real, uma responsabilidade das instituições financeiras, que precisarão aprovar ou rejeitar operações instantaneamente. O Banco Central também estabelecerá limites, taxas máximas e regras de proteção ao consumidor para regular a prática. Este lançamento faz parte de uma estratégia mais ampla do Banco Central, que já introduziu o Pix Automático em junho e está desenvolvendo o Pix Garantia, uma modalidade que permitirá usar parcelas futuras como garantia de crédito.
Rabusky ressalta que essa abordagem visa criar um ecossistema de pagamentos completo, oferecendo opções à vista, recorrentes e parceladas dentro de uma mesma jornada, o que representa uma transformação inclusiva e um modelo que poderá servir de exemplo para outros países.
Com uma expectativa de rápida adesão, o Pix Parcelado não apenas amplia as possibilidades de pagamento no Brasil, mas também promete redefinir as relações entre consumidores, lojistas e o infraestrutura financeira, promovendo uma maior inclusão financeira em todo o país.