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Saúde
19/09/2025 10:00:00

Estudo revela que a metformina pode atuar no cérebro para ajudar no controle da glicose

Pesquisa aponta que remédio usado há mais de 60 anos também age em regiões cerebrais relacionadas ao metabolismo da glicose, além de seus efeitos tradicionais no fígado e intestino

Estudo revela que a metformina pode atuar no cérebro para ajudar no controle da glicose

Um estudo conduzido pela Baylor College of Medicine, nos Estados Unidos, divulgado nesta quarta-feira (17/9) na revista Science Advances, revelou uma nova via de ação da metformina, medicamento amplamente utilizado no tratamento do diabetes tipo 2. Os pesquisadores identificaram que, além de atuar no fígado e no intestino, o remédio também influencia diretamente o funcionamento cerebral, especificamente na área denominada ventromedial do hipotálamo (VMH).

A investigação demonstrou que a metformina interfere na atividade de uma proteína chamada Rap1, presente em neurônios do tipo SF1 no VMH. Quando essa proteína está ativa, ela favorece a elevação dos níveis de glicose sanguínea. Contudo, ao ser inibida pela medicação, ocorre uma melhora significativa no controle glicêmico. Nos experimentos com ratos, os cientistas observaram que a aplicação do medicamento diretamente no cérebro reduziu os níveis de glicose no sangue. Animais geneticamente modificados, nos quais a proteína Rap1 foi desativada, não apresentaram resposta ao tratamento, sugerindo que a ação cerebral da metformina depende desse mecanismo específico.

Este avanço ajuda a compreender por que a metformina, administrada há mais de seis décadas, apresenta efeitos tão abrangentes no metabolismo. Além disso, abre possibilidades para o desenvolvimento de terapias mais precisas e eficazes no enfrentamento do diabetes tipo 2.

Entretanto, os autores ressaltam que todas as descobertas até aqui foram feitas em modelos animais e ainda não há confirmação se o efeito se repete em seres humanos. Novos estudos clínicos serão essenciais para avaliar o potencial da aplicação dessa descoberta na prática médica.

A doença, conhecida como diabetes tipo 2, caracteriza-se por resistência à insulina e aumento da glicose no sangue. Predominante entre adultos, ela está frequentemente relacionada à obesidade e ao envelhecimento. Entre os sintomas mais comuns estão sede excessiva, micção frequente, fadiga, visão embaçada, cicatrização lenta de feridas, fome constante e perda de peso sem causa aparente.

O tratamento geralmente envolve medicamentos para controlar a glicemia, e, em alguns casos, aplicação de insulina. Mudanças no estilo de vida, incluindo perda de peso, alimentação equilibrada e prática regular de exercícios, também são fundamentais. De acordo com os autores do estudo, a descoberta explica parcialmente por que a metformina, utilizada há mais de 60 anos, apresenta efeitos tão amplos no metabolismo. Além disso, ela incentiva o desenvolvimento de abordagens terapêuticas mais específicas e eficientes para o manejo da condição.

Por outro lado, os cientistas destacam que os testes realizados até o momento foram em animais, e ainda não há evidências diretas de que o mesmo mecanismo exista em humanos. Pesquisas futuras serão necessárias para explorar o potencial clínico dessa inovação. Para ficar informado sobre avanços em Saúde e Ciência, siga a editoria do Metrópoles no Instagram e acompanhe todas as novidades.