20/09/2025 19:47:16

Acidente
18/09/2025 11:00:00

Reconhecimento Internacional de Projetos Educacionais que Promovem a Sustentabilidade Comunitária

Campeãs brasileiras avançam à fase final do prêmio no Rio de Janeiro após destaque nacional

Reconhecimento Internacional de Projetos Educacionais que Promovem a Sustentabilidade Comunitária

O Prêmio Escolas Sustentáveis, que distingue iniciativas de impacto socioambiental lideradas por estudantes e educadores em escolas brasileiras, anuncia seus vencedores nesta quarta-feira (17) em evento realizado em São Paulo. As instituições vencedoras terão a oportunidade de disputar a final internacional, agendada para 21 de outubro, no Rio de Janeiro, ao lado de projetos premiados no México e na Colômbia.

Projetos voltados ao desenvolvimento sustentável, com foco na transformação comunitária, têm demonstrado benefícios concretos que ultrapassam os limites físicos das escolas, promovendo mudanças nas regiões próximas. Na edição de 2025, a competição revelou algumas dessas ações vencedoras, destacando a importância de ampliar o alcance da educação ambiental.

Maria Raquel Santos, professora na Creche Municipal Magdalena Arce Daou, localizada em Manaus (AM), salienta a necessidade de expandir o papel das escolas na sociedade. Ela afirma que a escola deve deixar de ser confinada às suas paredes físicas e se envolver ativamente na comunidade, o que é fundamental para fortalecer a consciência ambiental entre os indivíduos. Ela desenvolveu, no último ano, o projeto IncluARTE - SustentART, que é uma das iniciativas premiadas nesta etapa nacional, na categoria que abrange desde a educação infantil até o ensino fundamental.

Este projeto surgiu como resposta à inclusão de crianças com deficiências na escola, diante das dificuldades enfrentadas pelas mães na compreensão e adaptação às condições de seus filhos. Maria Raquel explica que a proposta utiliza a arte como ferramenta de ponte e inclusão, tendo a sustentabilidade como fio condutor. A iniciativa envolveu a criação de terrários como símbolos dos microcosmos de cada criança, inspirados no Jardim Sensorial do Instituto Federal do Amazonas (Ifam).

Ela conta que, ao observar o trabalho do Ifam, pensou em integrar essa ferramenta ao projeto, visualizando os terrários como representações de um mundo novo que as mães estão descobrindo. Assim, a partir da elaboração dos micromundos, promovidos internamente às mães, houve uma transição para uma ação mais ampla, com a construção de um jardim sensorial na creche, reforçado pela parceria com as famílias e considerado um vínculo duradouro na comunidade.

Enquanto essa ação se consolidava, um incêndio próximo à creche devastou a vegetação ao redor, incluindo a mata ciliar. A instituição, situada às margens de um igarapé poluído e degradado, lançou uma mobilização comunitária para recuperar o território. Envolvendo moradores, famílias e equipe escolar, foram realizadas ações de reflorestamento e recuperação ambiental.

Para isso, parcerias com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente forneceram mudas arbóreas para restaurar a área e criar um pomar na escola. Com apoio da Secretaria de Limpeza Pública, uma exposição sustentável foi montada na praça próxima, utilizando tampinhas de garrafas PET coletadas na orla do igarapé, transformadas em obras de arte criadas por crianças e suas famílias, com a orientação dos professores.

De acordo com a professora Maria Raquel, mais de cinco mil pessoas participaram dessas ações, que já estão sendo replicadas em outros seis centros de educação infantil em Manaus por meio do projeto Jardim Sensorial. Ela destaca que o impacto da iniciativa é difícil de mensurar, dada sua abrangência e o envolvimento comunitário.

Os projetos finalistas e sua importância global

O prêmio contou com dez iniciativas na fase final, e além de receberem recursos financeiros, as escolas vencedoras avançam para a etapa internacional, no Rio de Janeiro. Os demais finalistas vêm do México e da Colômbia, formando um conjunto de ações que representam o compromisso latino-americano com a sustentabilidade.

O prêmio é promovido pela Fundação Santillana, em parceria com a Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI). Luciano Monteiro, diretor executivo da fundação no Brasil, destaca que o reconhecimento alimenta uma base de exemplos inspiradores para professores e estudantes em países participantes.

Ele reforça que compartilhar boas práticas fortalece a valorização dessas ações e incentiva a replicação de iniciativas inovadoras, promovendo a transformação social por meio da educação ambiental. Nesse contexto, o prêmio também contribui para inserir a temática da sustentabilidade na agenda escolar, alinhando-se às discussões da COP30.

Luiz Monteiro afirma que ações como as de Limeira, no interior de São Paulo, exemplificam a conexão entre problemas reais e soluções colaborativas. O projeto AquaTerraAlert, desenvolvido por estudantes do 6º ano da Escola Estadual Brasil, busca mitigar os efeitos de enchentes e deslizamentos, por meio de um sistema de monitoramento com sensores de LED e ultrassônicos, que alerta a comunidade em tempo real.

Inspirada por notícias locais sobre os riscos de deslizamento, a equipe de professores e alunos desenvolveu um protótipo com tecnologia de ponta, capaz de enviar mensagens de alerta ao celular de moradores cadastrados. A iniciativa também incluiu a produção de cartazes e sua apresentação à comunidade escolar, buscando conscientizar e envolver todos os interessados.

O sistema funciona com marcadores de níveis de água, emitindo sinais de aviso quando a água atinge pontos críticos. Além disso, a proposta foi apresentada às autoridades locais de Limeira, que demonstraram interesse em ampliar a rede de monitoramento para outros pontos de risco na cidade. A professora Nayra Rafaela Vida enfatiza que a ação integra disciplinas diversas, como ciências, tecnologia, geografia e comunicação, demonstrando o potencial de uma abordagem multidisciplinar na educação.

Segundo ela, a iniciativa busca não apenas proteger a comunidade, mas também promover uma maior conscientização sobre os riscos ambientais, estimulando uma cultura de prevenção ativa. Assim, a experiência demonstra como a educação pode contribuir para a redução de desastres e para a preservação do meio ambiente, alinhando-se às metas globais de sustentabilidade.

Rodrigo Rossi, representante da OEI no Brasil, reforça que esses exemplos de projetos destacam-se por sua relevância na promoção de uma educação comprometida com o desenvolvimento sustentável e a preservação ambiental na América Latina. Ele conclui que ações como as de Limeira representam um passo importante na formação de uma sociedade mais consciente e participativa nesse campo.